Mantega: governo não dobrará o valor do mínimo O ministro do Planejamento, Guido Mantega, reconheceu hoje que será difícil o governo cumprir a promessa de dobrar o valor real do salário mínimo em quatro anos, já que a situação das contas públicas é pior do que se imaginava.

Em depoimento na comissão mista que avalia a proposta do governo de elevar o mínimo de R$ 240 para R$ 260, Mantega também disse que um aumento maior do mínimo este ano poderia ser “traumático” para a economia brasileira.

“Quanto à suposta promessa de dobrar o poder aquisitivo do salário mínimo, realmente é uma meta difícil… Com essas limitações que temos, você não pode num curto espaço de tempo atingir a meta”, disse Mantega.

A promessa de dobrar o valor do salário mínimo foi feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na campanha de 2002. Segundo Mantega, as contas públicas surpreenderam pelo situação precária, com o governo tendo que reconhecer alguns “esqueletos”.

Mantega disse que se o Congresso aprovar um reajuste maior para o mínimo, terá que apontar as fontes de receita e os cortes no Orçamento para compensar o gasto maior.

“Na minha avaliação, isso seria traumático para o desempenho da economia brasileira”, disse ao ser questionado sobre as conseqüências de um reajuste para R$ 285, conforme proposta de alguns partidos políticos.

O ministro disse a arrecadação federal excedeu as previsões no primeiro quatrimestre em R$ 1,5 bilhão. Mas mesmo que esse desempenho seja repetido nos próximos períodos, não há recursos para permitir um aumento “mais substacial do salário mínimo”. Segundo ele, as despesas para este ano não previstas no Orçamento já chegam a R$ 5 bilhões.