Honestidade política É papável o clima de desânimo e decepção entre o povo por causa de tantas acusações de corrupção no cenário político em Brasília. Diante do descrédito da política pelas sucessivas práticas da corrupção, é de enorme importância não desanimar, não desistir e muito mais não omitir. Precisamos unir forças para exigir que todas as denúncias de corrupção sejam apuradas, sem pré-julgamentos, e que os políticos culpados sejam exemplarmente punidos e banidos da vida pública

Neste momento delicado na vida pública do país precisamos apoiar o trabalho da Polícia Federal, do Ministério Público, da Controladoria Geral da União e das diversas Comissões Parlamentares de Inquérito na averiguação dos fatos denunciados. Precisamos aprofundar nosso discernimento para ver que além da corrupção na administração dos recursos públicos, há outro problema maior no País: que é a injusta e chocante desigualdade social.

Numa Nação em que a parcela dos 10% mais ricos controla 42% da riqueza e, na outra ponta, os 10% mais pobres dividem entre si 1% da renda nacional o país precisa urgentemente de uma enorme mudança na atual política econômica do governo, porque essa desigualdade não é somente mantida, mas diariamente acentuada por uma política econômica que aumenta a concentração de renda e de riqueza nas mãos de poucos através de mecanismos que privilegiam o capital financeiro.

Porém, o maior clamor do povo que aparece hoje é uma urgente exigência de reforma política para acabar com os fatores que favorecem a corrupção. Entre as reformas indicadas podemos citar: a fidelidade partidária, a regulamentação das campanhas eleitorais, formas de rápida consulta direta à população, maior clareza sobre o relacionamento entre o Executivo e o Legislativo, o fim do clientelismo, uma declaração de bens dos candidatos aos cargos públicos no início e no fim dos mandatos e uma análise mais aprofundada do estudo sobre reeleição etc. A articulação dessas metas não pode demorar, para que nosso povo acredite ainda na seriedade e na competência dos governantes e não perca a esperança.

O Congresso há de convocar seus líderes para uma ação conjunta na elaboração de medidas que apressem as políticas públicas tão aguardadas pelo povo. O Brasil tem que oferecer ao mundo prova de maturidade política. O momento atual exige o exercício pleno da cidadania e, sobretudo, patriotismo.

BRENDAN COLEMAN MC DONALD, redentorista e professor titular na Universidade Federal do Ceará (UFC)