BEC – Marca será substituída em seis meses

Os cearenses já podem começar a dar adeus ao seu banco estadual. Dentro de seis meses, a marca do Banco do Estado do Ceará (BEC) deixará de existir. Após este período, as fachadas das 70 agências da instituição financeira passarão a exibir a sigla Bradesco, assumindo definitivamente o perfil do seu novo controlador.

Ontem, o maior banco privado da América Latina — com R$ 201,9 bilhões em ativos e carteira de crédito de R$ 75,2 bilhões (dados de setembro de 2005) —, assumiu o controle acionário do BEC.

A transferência dos ativos do banco cearense para o Bradesco (R$ 1,89 bilhão em novembro último) aconteceu às 14 horas desta terça-feira, com a assinatura do contrato de compra e venda de 89,17% das ações do BEC pertencentes à União, pelo diretor-presidente do Bradesco, Márcio Cypriano, e pelo diretor de Liquidação e Desestatização do Banco Central, Gustavo Vale, na sede do BEC, em Fortaleza.

Em Assembléia Geral
Extraordinária realizada em seguida, deu-se a renúncia da atual diretoria becista e a nomeação dos novos executivos, responsáveis pelo período de transição.

Ainda ontem, pela manhã, ocorreu também a liquidação financeira da operação, na Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC), em São Paulo. Com R$ 458 milhões em moeda corrente nacional e R$ 242 milhões em Fundos de Compensação de Variações Salariais (FCVS) — espécie de papel gerido pelo Tesouro Nacional para contratos habitacionais —, o Bradesco pagou os R$ 700 milhões pelos quais arrematou o banco cearense, em leilão no último dia 21 de dezembro na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).

Segundo Cypriano, o período de transição deverá levar pelo menos seis meses, tempo necessário para que executivos do banco conheçam a realidade operacional e funcional do BEC e a adapte à realidade da cultura gerencial e financeira do Bradesco. Espaço necessário, também, para a mudança da marca BEC para Bradesco, em toda a rede de atendimento becista.

“A aquisição do BEC foi estratégica para nós. Além de fortalecer e reforçar a nossa posição e marca no mercado financeiro do Ceará e do Nordeste, evita o avanço da concorrência”, declarou Cypriano, numa referência à possibilidade do Banco GE Capital ter adquirido o Banco Estadual do Ceará. Para ele, “o processo de privatização foi muito disputado, lance por lance”, lembrou o executivo. Sua expectativa é de que o retorno dos R$ 700 milhões aplicados na compra do BEC, ocorra entre oito e dez anos.

FOCO – O foco potencial de negócios no Ceará, apontou Cypriano, será a ampliação da oferta de produtos e serviços em mercados não explorados pelo BEC, a exemplo do segmento de pessoas jurídicas e de empréstimo consignado para aposentados — o BEC paga benefícios a cerca de 186 mil

pensionistas.

De acordo com o diretor-presidente do Bradesco, a cultura de banco varejista será mantida, sobretudo no fomento a empresas e na oferta de produtos, como seguros, títulos de capitalização, cartões de crédito, poupança, consórcios, fundos de previdência privada e demais serviços financeiros.

Quanto a financiamentos de projetos sociais e estruturantes, ele disse que o banco continuará atuando através de repasses com recursos do BNDES e dos demais bancos oficiais.