Campeonato Estadual 2004 – Impasse continua Mais uma tentativa de conciliação e nada de solução. No meio das discussões de ontem envolvendo representantes de clubes, dirigentes, torcedores e Ministério Público, teve espaço até para leves bate-bocas

Raquel Chaves da Redação

Para o Aurélio, ‘imbróglio’ se encaixa em duas definições: ‘trapalhada, confusão, mixórdia, embrulhada’; ou ainda ‘dramalhão de enredo confuso, complicado e mal elaborado’. Assim, revezando-se entre os dois significados, está o Campeonato Cearense de Futebol (leia-se: edição 2004). Não bastasse a ausência do campeão da temporada, continuam indefinidas quaisquer tentativas de se chegar a um acordo.

A última delas veio ontem, com mais uma audiência promovida pela Procuradoria Geral do Estado (PGE) na expectativa de se atingir um denominador comum. Dos 10 clubes que fazem parte da competição, apenas quatro – que também integram o Conselho Arbitral – enviaram representantes à Escola Superior do Ministério Público, onde foi realizada a ‘reunião de conciliação’. Resultado de mais de uma hora de ‘discussão’: chegou-se à conclusão apenas de que o Conselho Arbitral deveria se reunir por completo e, novamente, tentar um acordo na próxima segunda-feira, às 10 horas, no mesmo local.

Nenhum dos participantes sugeriu algo diferente do que já fora discutido nas reuniões anteriores – a mais recente, no último dia 28. A Federação Cearense de Futebol (FCF) mantém a decisão anunciada naquela reunião, a de realizar mais duas partidas finais entre Fortaleza e Ceará nos próximos dias 21 de junho e 10 de julho. O Alvinegro insiste em não jogar mais nenhuma partida, declarando que o Campeonato foi encerrado mesmo no dia 18 de abril, como definia o regulamento. O Fortaleza prefere jogar.

A coordenadora do Programa Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor (Decon), promotora de Justiça Evânia Pinheiro, adiantou ontem que tanto a FCF quanto o Conselho Arbitral podem ser punidos caso não se chegue ao acordo sobre quem será o campeão de 2004. Questionada pelo O POVO sobre que tipo de sanções os dirigentes podem receber, Evânia Pinheiro referiu-se a ‘vários tipos’. Segundo ela, contudo, no caso específico só podem ser aplicadas multas, que podem variar entre 200 a 3 milhões de Ufirs. O valor corresponderia ao intervalo entre R$ 213,00 e R$ 3.192.300,00.

Segundo a coordenadora, o valor de uma possível multa está previsto no Código do Consumidor. ‘Houve uma lesão ao torcedor’, declarou Evânia. Fortaleza, Ceará, Maranguape e Boa Viagem foram os representantes dos clubes na reunião. Os dois últimos serão rebaixados para a Segunda Divisão do Estadual, caso seja definido o time campeão. Os dirigentes de ambas as equipes afirmaram que a FCF ‘não tem competência’ para definir a data de outros jogos, como o fez. Foi marcada nova audiência para a próxima segunda-feira, 17, no mesmo local.

ENTENDA O CASO

12 de abril – Em reunião realizada na Federação Cearense de Futebol (FCF), os presidentes do Ceará (Alexandre Frota), Fortaleza (Clayton Veras) e da FCF (Fares Lopes) decidiram, juntos, que as partidas decisivas do Estadual seriam nos dias 19 e 21, caso o Ceará fosse campeão do Segundo Turno no dia 17 (sábado). No mesmo dia, o Leão voltou atrás desta decisão.

13 de abril – O Fortaleza ameaça entrar na Justiça comum caso a decisão do Returno não fosse realizada no dia 18 de abril.

14 de abril – O Leão concorda, em nova reunião na FCF, em disputar a final do Segundo Turno no sábado (17).

17 de abril – O Ceará derrota o Tricolor por 1 a 0 e conquista o Returno.

18 de abril – O Fortaleza entrega um ofício a Fares Lopes dizendo que não disputaria os jogos finais. Alega que o regulamento do campeonato diz que o torneio não poderia terminar após o dia 18.

19 de abril – Fares Lopes afirma que vai assinar um ato administrativo, no qual daria o Estadual como encerrado sem a definição de um campeão. Não o faz.

28 de abril – Em reunião realizada ontem na FCF, Fares Lopes determina que os jogos decisivos aconteçam nos dias 21 de junho e 10 de julho. O Fortaleza concorda. O Ceará, contrário à decisão, afirma que não entra em campo.

12 de maio – Nova audiência conciliatória é realizada – tendo sido convocadas todas as partes envolvidas – intermediada pelo Ministério Público. Apenas quatro clubes aparecem, dos 10 que integram o Conselho Arbitral da competição. As decisões da reunião do dia 28 de abril se mantêm. É marcada uma nova audiência para o dia 17 do mesmo mês.