OMS: disparidade socioeconômica pode ampliar morbidade no mundo A Assembléia Mundial da Saúde foi aberta hoje em Genebra com a advertência que a morbidade pode aumentar de maneira explosiva se não se resolvem as disparidades econômicas e sociais que afetam em particular os países em desenvolvimento. No discurso de abertura da reunião anual, o diretor geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Lee Jong-Wook, disse que 1,2 bilhão de pessoas carecem de água adequada para o consumo, 40 milhões vivem com a aids, 1,3 bilhão se expõem a uma morte prematura devido ao tabaco e 500 mil mulheres morrem ao ano durante a gravidez ou o parto.

A isso se soma que as doenças que batem nos países pobres -como a tuberculose, a malária, a aids e a desnutrição materna e infantil- “os terminam confinando no círculo da pobreza”, comentou o ministro paquistanês da Saúde, Muhammad Nasir Khan, presidente eleito desta assembléia. Parte da solução para este problema consistiria em reverter a tendência atual na pesquisa médica, que dedica menos de 10% de seus recursos a doenças que representam 90 por cento dos problemas de saúde no mundo todo.

Lee anunciou que com a finalidade de examinar e buscar uma solução para este grave desequilíbrio a OMS e o governo do México estão organizando uma cúpula de ministros de saúde em novembro próximo.

Nesta Assembléia Mundial da Saúde, na qual participam 192 países membros da Organização e numerosas organizações não-governamentais na qualidade de observadoras, os dois temas de fundo serão a estratégia mundial contra a obesidade e outra dirigida a melhorar a saúde reprodutiva e sexual.

Em ambos os casos, trata-se de temas polêmicos: no primeiro, devido a que afeta os interesses da indústria alimentícia e do setor açucareiro, e no segundo, porque alguns dos temas que aborda -como o planejamento familiar e o aborto- tocam a sensibilidade cultural e religiosa de vários países.

A estratégia contra a obesidade está dirigida a lutar contra uma série de doenças chamadas “não-transmissíveis”, entre as que se encontram o diabetes e as cardiovasculares e que provocam 60 por cento das mortes cada ano no mundo.

No entanto, alguns países para os quais o açúcar representa uma importante fonte de receita -como Cuba e República Dominicana- se opõem a esta proposta e afirmam que a obesidade é um problema fundamentalmente de países ricos.

Por sua vez, a estratégia sobre saúde reprodutiva foi elaborada frente a lentidão dos avanços conseguidos neste campo nos últimos anos, durante os quais a alta taxa de mortalidade materna nos países em desenvolvimento se manteve praticamente igual.

A idéia principal é que as mulheres pobres tenham acesso a métodos de anticoncepção e recebam a informação e os meios necessários para evitar as infecções de transmissão sexual, entre elas a aids.

Outros assuntos que requeriam a atenção das delegações que participam desta Assembléia serão a influência dos problemas ambientais na saúde causados pela poluição das águas, o aumento dos resíduos sólidos, os fenômenos de urbanização caótica e as mudanças incontrolados do clima.

Além disso, se tratará de dar o passo final para a erradicação da poliomielite e do verme da Guiné (parasita humano), uma das doenças mais devastadoras do mundo transmitida por um parasita e que também pode causar paralisias.

O convidado de honra no encontro anual da OMS será o ex- presidente dos Estados Unidos, Jimmy Carter, que intervirá nesta quarta-feira e preside justamente uma fundação dedicada a erradicar essa última doença que causa graves estragos na Africa Subsahariana.