Renda familiar em queda causa desemprego recorde Renda familiar em queda causa desemprego recorde

ANA PAULA GRABOIS da Folha Online, no Rio

A taxa de desemprego recorde de 13,1% registrada em abril foi pressionada pela renda ainda em queda do brasileiro que vive nas seis maiores regiões metropolitanas brasileiras.

Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o aumento da procura por trabalho –fator que levou à taxa recorde– deve-se muito à queda da renda familiar. Ou seja, membros da família que antes somente estudavam ou cuidavam da casa voltaram a procurar emprego para complementar o orçamento familiar.

“Essa queda de renda foi generalizada. Isso fez com que outras pessoas que antes estavam na inatividade buscassem o mercado de trabalho para complementar o rendimento familiar”, disse o gerente da PME (Pesquisa Mensal de Emprego), Cimar Pereira, do IBGE.

A renda média do trabalhador caiu 3,5% em abril em relação a abril do ano passado nas seis áreas abrangidas. Se comparada a março, a renda registrou retração de 0,9% em abril.

Do total de 2,8 milhões de desempregados –outro número recorde– das seis maiores regiões metropolitanas brasileiras, 47% tem até 24 anos de idade, 43,1% tem pelo menos o ensino médio completo e apenas 26,3% eram responsáveis pela famílias.

“Novos desempregados”

Um perfil dos “novos desempregados” reforça tal quadro. De março para abril, a maioria das pessoas que eram inativas e que passaram a procurar emprego eram mulheres, jovens de até 24 anos, com 11 anos de estudo ou mais e que ocupavam a posição de filha no domicílio pesquisado.

Por outro lado, a maioria dos que conseguiram emprego em abril e não estava no mercado de trabalho antes tinha mais de 50 anos, baixa escolaridade e se ocupava em atividades sem carteira assinada e com salário abaixo de R$ 240.

Uma das explicações da queda da renda é o fato do crescimento dos postos de trabalho ter ocorrido principalmente no mercado informal.

Dos 460 mil postos de trabalho gerados entre abril do ano passado e abril deste ano, 375 mil foram sem carteira de trabalho assinada ou por conta-própria. Além da renda do trabalhador informal ser menor, este segmento sofreu maior redução de renda no período.