Advogado acusa detetive de “grampear” procuradores ‘‘Grampos’’ feitos na Procuradoria Geral da República, em 2003, voltam a ser investigados. A Polícia Federal apreendeu, na última terça-feira, equipamentos utilizados por um detetive particular que podem levar aos nomes de mandantes e autores do crime

Demitri Túlio e Cláudio Ribeiro da Redação

A prisão em flagrante do advogado Alexander Aguiar Rocha, por extorsão, na última terça-feira (25), às 9 horas, em Maranguape, poderá levar a Polícia Federal a descobrir quem foram os mandantes e autores dos ‘‘grampos’’ nas linhas telefônicas da Procuradoria Geral da República (PGR) em 2003. Pelo menos é o que acredita o delegado federal Cláudio Joventino, chefe da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado e Crimes Especiais (Delecoe).

Alexander Rocha foi preso quando tentava extorquir o presidente da Cooperativa Agrícola de Maranguape. Depois de uma informação passada à Delegacia de Combate aos Crimes Patrimoniais (Delepat), policiais foram ao município a fim de realizar o flagrante. Segundo Joventino, o advogado ‘‘teria exigido R$ 35 mil na promessa de corromper um delegado federal que estaria fazendo investigação de pessoas ligadas à cooperativa’’. O delegado informou que o pretexto utilizado para extorsão referia-se a um caso que já nem estava na Polícia Federal. ‘‘Não é mais nem inquérito. O processo está no Tribunal Federal da 5ªRegião em Recife. É referente a crime cometido contra o INSS’’.

Nota oficial assinada pelo delegado Cláudio Joventino informa que durante o interrogatório na Polícia Federal (PF), Alexander Rocha acusou o detetive particular Oscar Dalva Neto, proprietário da Agência de Investigações de Fortaleza (AIF), de ser o autor das interceptações telefônicas na sede da Procuradoria Geral da República. O ‘‘grampo’’, segundo o depoimento do advogado preso, teria sido feito a pedido do doleiro foragido Alexander Diógenes Ferreira Gomes, sócio-proprietário da ACCcard. Na época, ele queria saber sobre as investigações que envolviam seu nome em crimes contra o sistema financeiro. Carlos Martins, um dos advogados de Alex Ferreira Gomes, afirma desconhecer qualquer ligação entre o doleiro cearense e o detetive particular Oscar Dalva Neto.

Informado sobre o teor do interrogatório, o Ministério Público Federal solicitou à Justiça autorização para realizar busca e apreensão de material na empresa do detetive Oscar Dalva Neto. A ordem judicial foi concedida e ontem foi realizada a busca na AIF. Além de documentos e equipamentos de informática, foram recolhidos ‘‘eletroeletrônicos típicos dos utilizados para escutas e espionagem’’. Segundo Cláudio Joventino, são irregulares já que fazer escuta sem permissão judicial é crime. Ele informou que tudo foi lacrado e enviado para a perícia da PF.

O POVO tentou falar com Oscar Dalva Neto pelo telefone de sua empresa e através de seu telefone celular, números disponibilizados na seção de classificados dos jornais de Fortaleza. Ligou às 17h13min para a AIF e foi atendido pela secretária Gláucia. Ela informou que Oscar Neto não se encontrava no local e que não saberia informar o telefone residencial dele. Segundo ela, a PF teria levado também a agenda de Oscar. Às 17h15min foi feita uma ligação para o telefone celular do detetive, que se encontrava na caixa postal. Foi deixado recado. Uma nova ligação foi realizada às 19h41min e continuava na caixa postal. Até o fechamento dessa edição não houve retorno. O POVO também tentou falar com o advogado Alexander Rocha, na PF, mas não conseguiu.