Ex-petistas fundam novo partido Os ex-rebeldes do PT, expulsos há cinco meses do partido por votarem contra a reforma da Previdência, aprovaram ontem o estatuto e o programa do Partido Socialismo e Liberdade (P-SOL). A legenda depende de uma série de providências para se legalizar e só deve entrar na disputa eleitoral em 2006. Até lá, de acordo com a senadora Heloísa Helena (AL), seus integrantes estarão mobilizados na defesa de pontos abandonados pelos “petistas” no Governo Lula, como é o caso do rompimento com o Fundo Monetário Nacional (FMI) e com a Alca.

“O Sol é um abrigo para a esquerda democrática que não fez a opção de se lambuzar no banquete fácil do poder”, afirmou. Para se concretizar, o partido tem, entre outras coisas, de obter pelo menos 438 mil assinaturas de apoio em nove estados do país. A deputada Luciana Genro (RS) acredita que isso será conseguido num prazo recorde.

O protesto contra o salário mínimo de R$ 260 será o primeiro alvo de ataque ao Governo. A senadora promete intensificar o trabalho no Senado para aprovar sua proposta que eleva o mínimo a R$ 320. Segundo ela, embora esteja abaixo do necessário, é esse o valor necessário para o presidente Lula cumprir com a promessa de campanha de dobrar o poder de compra do mínimo em quatro anos. “O PT mudou de lado, mas não conseguiu liquidar as bandeiras histórias da classe trabalhadora”, alegou.

Heloísa Helena também quer intensificar o “tiroteio” contra a resistência do Planalto às CPIs que investigariam denúncias de corrupção no Governo Lula. Estão na lista de denúncias, entre outros, a cobrança de propina por parte do ex-assesssor da Casa Civil, Waldomiro Diniz, e o episódio dos vampiros no Ministério da Saúde.

Para Luciana Genro, o ministro da Saúde, Humberto Neto, deveria se afastar do cargo até “o final da investigação do crime dos chamados vampiros”. Mas ela disse não acreditar que a iniciativa saia do Governo, “como deveria ser o caso”, justificou.

A deputada explicou que baseia sua opinião no fato de nada ter sido feito contra o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, quando da descoberta do caso Waldomiro. “Do meu ponto de vista, os dois têm comprometimento, mas como o Dirceu não foi afastado, seria uma ironia afastar o Humberto”, justificou.