Propina para máfia do sangue chegava a 10% Relatórios de investigações de procuradores da República revelam que 10% do valor de algumas compras feitas no Ministério da Saúde, onde atuava a máfia do sangue, eram utilizados para pagar propina a funcionários. Escutas telefônicas autorizadas pela Justiça mostram que pelo menos seis servidores recebiam este percentual.
Esta semana a Polícia Federal vai abrir seis novos inquéritos e concluirá o relatório da Operação Vampiro, que levou 17 pessoas para a prisão. Três empresários, considerados pelos investigadores os principais envolvidos com as fraudes, continuam detidos. Os documentos do Ministério Público Federal transcrevem diálogos entre o empresário Laerte de Arruda Corrêa Júnior, preso em São Paulo, com outra pessoa não identificada.
Na conversa diz como seria dividida a suposta propina. Arruda comenta que o percentual é de 10% pelos favorecimentos, pois teria que dividir este valor em seis pessoas. “Eu tenho que mandar seis para um lugar. Três têm que ficar com o Eduardo, um com Jabour (o empresário Jaisler Jabour de Alvarenga, preso em Brasília). Porque eu tenho que dar três…Enfim, cê tá entendendo o que eu to falando?”.
Em outros diálogos o grupo cogita aumentar o preço das comissões também em torno dos laboratórios, supostamente para manter o esquema de pagamento de propina dentro do Ministério da Saúde. Segundo o relatório, a ligação entre os lobistas e os servidores era Eduardo Passos Pedrosa, sócio do empresário Lourenço Rommel Ponte Peixoto em uma empresa de segurança. “Eduardo é a pessoa-chave na viabilização das fraudes”, diz um relatório de investigadores da Operação Vampiro. Pedrosa chegou a ficar detido temporariamente, mas foi libertado pouco depois de desencadeada a Operação Vampiro.
INQUÉRITOS – Até a quarta-feira a Polícia Federal vai abrir novas frentes de investigação para verificar o envolvimento da máfia do sangue em outros ministérios. “Já temos indícios fortes de que o grupo atuava em diversas áreas, em outros locais da Esplanada dos Ministérios”, afirma um investigador da Operação Vampiro.