Mínimo deverá ser votado hoje no Senado A medida provisória (MP) do governo federal que fixa o salário mínimo em R$ 260,00 deverá entrar na pauta de votação do Senado hoje. A decisão foi tomada depois de duas horas de reunião entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ministros e aliados no Palácio do Planalto, em Brasília. Apesar disso, o governo não está de uma vitória, já que vários senadores aliados anunciaram que votarão por um salário maior.

O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), disse ontem que vai cumprir o acordo de procedimentos: a votação de uma matéria, com ou sem acordo, após três dias de prazo de discussões, para que os líderes tentem um consenso.

“Quando as medidas provisórias chegam aqui, nós temos a sistemática de durante duas sessões colocá-las na Ordem do Dia para possibilitar um acerto de posições em torno da matéria. Quando isso não ocorre, na terceira sessão a MP será votada, com qualquer número. E é o que vai acontecer: a medida provisória do salário mínimo será submetida a voto”, afirmou Sarney.

Para aprovar a MP, serão necesssários pelo menos 41 dos 81 votos dos senadores. O governo espera uma vitória apertada, talvez com apenas um voto de diferença. No entanto, a derrota não está descartada.

Caso a oposição consiga aprovar o projeto do senador César Borges (PFL-BA), de um salário de R$ 275, a MP voltaria à Câmara dos Deputados, onde os R$ 260,00 já foram aprovados. Lá, uma nova votação pode mais uma vez aprovar a MP com o valor de R$ 260, que, então, voltaria ao Senado.

Lula pede voto a senadora O dia de ontem foi de grandes negociações para o governo. À tarde, o PL – partido do vice-presidente José Alencar – fechou questão a favor do mínimo de R$ 260,00. Os votos ainda não eram considerados certos, mas pesou a favor do governo a intervenção do ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, indicado pelo PL, que pediu apoio à bancada.

O próprio Lula participou do esforço para reverter votos contrários ao governo. O presidente teria ligado pessoalmente para a senadora Serys Slhessarenko (PT-MT) para pedir o voto a favor da MP.

Não houve o mesmo empenho, no entanto, em relação a Paulo Paim (PT-RS), que, em discurso no Senado, reafirmou a intenção de votar por um salário mínimo maior do que os R$ 260,00. Ontem, após após um discurso em defesa do mínimo de R$ 300,00, no Senado, Paim ameaçou deixar o PT caso sofra algum tipo de punição por votar contra o mínimo proposto pelo governo Lula. “Se for submetido a um conselho de ética, não vou esperar o julgamento, deixo o partido”, disse.

Vice-líder renuncia e volta atrás Além de tentar convencer os próprios petistas, ontem, os governistas tiveram que enfrentar a insatisfação do vice-líder do governo no Senado, Ney Suassuna (PMDB-PB).

No início da tarde, ele chegou a renunciar à vice-liderança, anunciando que votaria contra o mínimo. Suassuna acabou voltando atrás na decisão depois de almoçar, em Brasília, com Aldo Rebelo, Renan Calheiros e outros 13 senadores peemedebistas. “Achei que não deveria continuar na vice-liderança, mas houve um apelo do Renan e do ministro, e eu acho que a gente tem que dar um voto de confiança”, justificou. Apesar do recuo, o senador não garantiu que votará a favor do salário proposto pelo governo.