Aprovado relatório da CPI da pedofilia no Congresso O relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista da Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes foi aprovado ontem com pedido de indiciamento de mais de 250 pessoas, entre eles juízes, empresários, médicos, pastores evangélicos e vários políticos, como o vice-governador do Amazonas, Omar Aziz (PFL), o deputado federal Enivaldo Ribeiro (PP-PB) e o prefeito da Cidade de Goiás, Boadyr Veloso (PP).

Em meio a fortes pressões de políticos para mudança do relatório, os congressistas aprovaram apenas o texto-base. Ainda ontem poderiam ocorrer alterações no parecer da deputada Maria do Rosário (PT-RS), porque parlamentares apresentaram destaques para a retirada de nomes da lista das pessoas indiciadas.

Por causa das pressões, a sessão teve de ser interrompida várias vezes. Até o início da noite, os congressistas ainda estavam envolvidos na votação dos destaques, um deles de autoria do líder do PSDB no Senado, Artur Virgílio (AM), que pediu para retirar o nome do vice-governador do Amazonas da relação dos indiciados. Ele argumentou que a CPI não havia conseguido recolher provas suficientes para comprovar a ligação de Omar Aziz no crime de exploração sexual de menores.

O senador Ney Suassuna (PMDB-PB) foi outro que questionou o teor do relatório por considerar frágeis os detalhes das investigações apresentados por Maria do Rosário. No parecer, foram citados os nomes de 60 pessoas da Paraíba que estariam envolvidas na exploração sexual. ‘‘Em Campina Grande, esse relatório vai ser uma bomba, porque metade dos médicos foi citada no parecer sem que se apresentasse, na maioria das vezes, provas suficientes’’, disse.

Maria do Rosário disse que foram tomados os depoimentos de várias jovens para se chegar até os acusados. Além disso, a CPI considerou o trabalho de investigação da Polícia e do Ministério Público na elaboração do relatório. A lista de acusados pela CPI inclui ainda os nomes dos deputados Vital do Rego e Camilo Figueiredo, dos juízes Adnaldo Cavalcanti e Raimundo Sampaio, do Maranhão, e do juiz aposentado José Edvaldo Albuquerque de Lima, da Vara da Infância e Juventude da cidade de Bayeux, na Paraíba. Este teria sido flagrado tendo relação sexual com uma menor dentro do prédio da Vara da Infância.