Promotor diz que Jobim tomou decisão precária e atabalhoada ao decidir soltar Sombra SÃO PAULO – O promotor Amaro José Tomé Filho, de Santo André, afirmou nesta quinta-feira em entrevista à rádio CBN que o ministro do Supremo Tribunal Federal, Nelson Jobim, tomou uma decisão precária e atabalhoada ao conceder liminar autorizando a libertação do empresário Sérgio Gomes da Silva, conhecido como Sombra, acusado de envolvimento na morte do prefeito de Santo André Celso Daniel. Sérgio está preso desde 11 de dezembro do ano passado. No despacho, Jobim alegou que não há razão suficiente que justifique a prisão preventiva do empresário.

– Isso nos deixa muito preocupados. É uma decisão precária de uma pessoa que sequer analisou o processo. Foi tomada de forma atabalhoada, segundo o nosso entendimento, e deve ser revista. Isso intranqüiliza as testemunhas que irão depor a partir da próxima semana – afirmou o promotor, afirmando que seis pessoas relacionadas ao caso teriam sido assassinadas de forma ainda não esclarecida.

Para o promotor, a decisão de Jobim atemoriza as testemunhas do caso, que deverão ser chamadas a depor a partir da semana que vem, e por isso o Ministério Público tentará que ela seja revista.

O promotor disse que Sérgio Gomes da Silva tem personalidade desvirtuada e nunca teve perfil de empresário, além de sempre se apresentar como testa-de-ferro. Além disso, afirmou, ele não tem endereço fixo e apresentou no decorrer das investigações iniciais sete endereços diferentes e, quando a Justiça determinou a prisão, não foi localizado em nenhum deles (o empresário se entregou à Justiça, acompanhado por advogado)

– Ele ameaçou sim testemunhas e tem personalidade desvirtuada. Tanto que ele foi incluído em uma outra denuncia por formação de quadrilha. Há informações de que ele andava armado e a soltura é um risco para o andamento do processo – afirmou o promotor, lembrando que todos os juízes e desembargadores que analisaram pedidos de soltura do empresário optaram por indeferir.

Celso Daniel foi seqüestrado em 18 de janeiro de 2001, após sair de um restaurante de São Paulo com Sérgio. Homens armados cercaram o carro blindado em que os dois estavam e retiraram o prefeito. Dois dias depois, o corpo de Celso Daniel foi encontrado em uma estrada de Juquitiba, a 78 quilômetros da capital paulista.

Em dezembro de 2003, o Ministério Público de São Paulo denunciou Sérgio por homicídio triplamente qualificado. Segundo o MP, o empresário teria encomendado o assassinato para assegurar a execução de suposto esquema de corrupção em Santo André, que estaria sendo combatido pelo prefeito.