PF e MP se aliaram à oposição, diz Genoino O presidente nacional do PT, José Genoino, acusou ontem setores do Ministério Público e da Polícia Federal de terem se aliado aos partidos de oposição na luta contra o governo. Como exemplos dessas ações, que classificou como autoritárias, ele citou o episódio ocorrido na semana passada na Caixa Econômica Federal, em que a PF buscava provas de tráfico de influência por parte do ex-assessor parlamentar Waldomiro Diniz e outras tentativas semelhantes dentro da Casa Civil.

“O governo é que está sendo vítima de vazamentos ilegais de informações para atacar instituições como o Banco Central. Nosso governo tem compromisso radical com a democracia e as liberdades públicas”, disse Genoino, em entrevista ao portal do partido na internet.

Para o presidente do PT, não há no governo nenhum surto autoritário, mesmo com a iniciativa de criar o Conselho Federal de Jornalismo (CFJ), para regulamentar as atividades da imprensa, do projeto que proíbe declarações de servidores a jornalistas durante investigações e da reestruturação da Agência Nacional de Cinema e da Lei do Audiovisual. Entidades intelectuais acusam o governo de tentar dirigir a cultura para seus intrresses.

“O governo tem dado demonstrações inequívocas de tolerância e de disposição para a negociação”, disse. Para ele, a oposição não tem discurso político. E, por isso, ela diz que o governo está tendo um surto autoritário.” CPI – Genoino também criticou a CPI do Banestado.

“Ela foi mal conduzida pela presidência porque não controlou o vazamento de informações.” Mesmo assim, o presidente do PT acha que a comissão não deve ser encerrada agora. E, sim, voltar a seus objetivos iniciais.

“Deve ser proposto um relatório sobre o que se investigou até agora, concentrando-se nos casos de irregularidades comprovadas. A CPI também deve propor uma série de sugestões de mudanças na legislação do Banco Central e da Receita Federal, para que tenhamos transparência nas remessas de dinheiro ao exterior.”

Em São Paulo, o ministro da Coordenação Política e Assuntos Institucionais, Aldo Rebelo, disse, ser favorável ao encaminhamento do relatório final da CPI do Banestado ao Ministério Público. Para ele, “se a CPI não investigou o suficiente depois de mais de um ano, dificilmente investigará de agora em diante”. O relatório, afirmou Rebelo, “deve apresentar as conclusões, as irregularidades apuradas e encaminhar tudo ao Ministério Público”. A declaração foi dada durante entrevista nos estúdios da Rádio Eldorado.

Durante a tarde, depois de se reunir como governador Geraldo Alckmin, o ministro amenizou o discurso. “O governo não fez pressão nem para instalar nem para acabar com a CPI.” Segundo ele, o envio dos relatórios da comissão ao MP “é óbvio”, quando se constatam indícios de irregularidades.

Para ele, o vazamento de informações prejudica toda a sociedade, e não só o governo. “Quebra a confiança não apenas na CPI, mas também na própria instituição do Congresso.”

No entanto, de acordo com ele, o próprio senador Antero Paes de Barros, presidente da CPI, chegou a dizer que os dados divulgados não tinham sido liberados por integrantes da comissão. (João Domingos, Ana Paula Scinocca, Renata Cafardo e Flavio Leonel)