Polícia diz ter suspeitos de ataque em série A Polícia Civil informou ontem já ter suspeitos dos ataques que mataram seis moradores de rua e feriram nove, no centro da capital paulista, desde a semana passada.

A declaração foi dada pelo delegado Luiz Fernando Lopes Teixeira, responsável pelas investigações, mas o policial não deu nenhum detalhe dos possíveis indícios existentes sobre tais suspeitos nem dos caminhos trilhados pelas investigações para chegar a eles.

Tudo o que Teixeira disse foi que na tarde de ontem ele ouviu quatro testemunhas, uma das quais “extremamente importante” para as apurações. Não disse quem é nem o que teria visto.

A jornalistas que se aglomeravam na calçada do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) investigadores disseram que a tal testemunha reconheceu nos retratos falados divulgados anteontem pessoas que ela viu circulando na região central pouco antes dos primeiros ataques, na madrugada de quinta.

Provas periféricas

A julgar pela situação das investigações até a tarde de terça-feira, a testemunha deve ter sido mesmo fundamental. Até então, segundo o Ministério Público e as entidades que acompanham as apurações, a polícia estava bem longe de esclarecer o crime. “As apurações são bem preliminares. Com cinco dias de investigação em nenhum lugar sério se descarta nenhuma hipótese”, disse à Folha, ontem de manhã, o promotor Carlos Roberto Marangoni Talarico, do 1º Tribunal do Júri, designado para o caso.

“As testemunhas são periféricas. Nenhuma viu a cena do crime”, continuou o promotor, segundo o qual, exatamente em razão do pequeno impacto dos relatos nas investigações, a inclusão no serviço de proteção não foi oferecida a nenhuma delas.

De acordo com Talarico, os dois retratos falados são “uma possibilidade”, cuja divulgação tem como principal objetivo “provocar uma eventual reação, como uma delação ou até uma confissão”.

Os desenhos foram feitos na manhã de terça, a partir do depoimento de uma moradora de rua. Ela diz ter visto um carro preto, com película escura nos vidros, e uma motocicleta grande circulando pelo centro na noite de quarta.

Apesar dos vidros escuros, a testemunha diz que no banco de trás do carro estava um homem negro. Ela o teria visto porque ele abaixou o vidro para fazer um sinal para os ocupantes da moto.

Um dos homens da moto seria branco, magro, entre 25 e 28 anos, com a cabeça raspada. A testemunha não soube dizer, porém, se ele estava na direção ou na garupa. O delegado Teixeira afirmou que 32 denúncias anônimas estão sendo checadas -cinco delas recebidas após a divulgação dos retratos.

Duas indicam o local onde os supostos suspeitos moram -na capital, mas longe do centro.

A polícia afirma ainda que a descrição de um carro -um Omega, um Santana ou um Passat- e de uma moto grande circulando pelo centro velho de madrugada aparece também nos relatos de outras testemunhas. Mas nenhuma delas viu as agressões.

Nos quase 50 CDs de imagens gravadas por câmeras de segurança instaladas em prédios da região há cenas de motos e carros dos tipos descritos, mas a polícia ainda não conseguiu identificá-los.

Os oito feridos ainda não foram interrogados oficialmente -um já teve alta. O delegado e os médicos afirmam que os pacientes apresentam quadro de confusão mental e abalo emocional.

A Folha ouviu dois deles anteontem. À reportagem, um disse que foi atacado por um grupo. Ontem, ambos passaram a ficar sob escolta e o acesso a seus quartos foi restrito à equipe médica.