Municípios cearenses desmontam o PSF Demissões arbitrárias, atrasos de salários por até quatro meses e descumprimento de contratos de prestação de serviços de médicos do Programa Saúde da Família (PSF) em municípios do Interior do Estado. Denúncias como estas têm se tornado comuns, desde as últimas eleições municipais, no mês de outubro, segundo informações do Conselho Regional de Medicina (Cremec) e do Sindicato dos Médicos, que realizaram, ontem, uma entrevista coletiva para tratar da questão.

Ibicuitinga, Maracanaú, Russas, São Benedito e Quixeramobim tiveram um médico do PSF demitido, cada. Em Limoeiro do Norte, Tabuleiro do Norte e Cedro, dois foram exonerados do Programa. Além disso, os médicos estão sem receber salários em Canindé, Limoeiro, Ibaretama, Senador Pompeu, Paraipaba, Ipaporanga e Frecheirinha, cujo prefeito se comprometeu a regularizar a situação até o final deste mês. “E estes são apenas os casos que chegaram até nós”, relatou o conselheiro do Cremec, Lino Holanda.

O presidente da entidade, Ivan Moura Fé, revelou, contudo, que nem todas as irregularidades chegam ao conhecimento da entidade e que o problema é bem maior do que aparece. Só para se ter uma idéia, o PSF, que completa este ano uma década de atividades, conta com 1.526 equipes, das quais 364 não dispõem mais de médicos, conforme dados da Secretaria de Saúde do Estado (SESA). “Está ocorrendo um verdadeiro desmonte do Saúde da Família, uma passeata das malas em direção a Fortaleza”, disse.

Moura Fé chamou atenção ainda para os riscos que a descontinuidade do atendimento primário prestado pelo PSF pode causar, principalmente para as pessoas mais carentes. “O desmonte do PSF deixa os municípios desamparados e pode gerar uma superlotação de hospitais secundários e terciários na Capital”, destacou. “O que falta é compromisso da maior parte dos prefeitos, mas a população não pode ficar à mercê das transições de poder nas prefeituras”, acrescentou o presidente do Sindicato dos Médicos, Tarcísio Dias.