Promotora exige retirada de pacientes dos corredores O Ministério Público do Estado deu um prazo de 20 dias úteis para que a diretoria do Hospital Geral de Fortaleza (HGF) providencie a retirada dos pacientes que ocupam os corredores do setor de emergência por falta de leito nas enfermarias. Uma recomendação administrativa foi encaminhada aos diretores na última terça-feira, por iniciativa da promotora de Justiça, Isabel Porto.

Na avaliação do chefe do setor de emergência, Zuil Lobo Filho, o prazo é curto para resolver um problema que ele define como crônico. No cargo há dois anos, Zuil diz que durante todo esse período nunca os corredores ficaram sem leitos. De acordo com ele, o número mínimo de pacientes nessa situação foi 16, enquanto o máximo chegou a 50, por ocasião do último feriadão da Proclamação da República, comemorada em 15 de novembro. Ontem, até o fim da tarde, chegaram a ser atendidos nos corredores do HGF 28 pacientes.

Segundo Zuil, o hospital tem feito o esforço para resolver o problema, mas a presença de leitos nos corredores é reflexo de uma crise em todo o sistema de saúde. ”O problema é no Estado como um todo: os hospitais de apoio que não têm condição de receber pacientes de emergência, os hospitais-pólo no Interior que não estão funcionando, os que estão fechados”. A demanda que deveria ser atendida nessas unidades acaba indo para hospitais terciários como o HGF, que teria de receber apenas pacientes com problemas mais graves e que necessitam de exames complementares de maior complexidade.

Os diretores do HGF se reuniram ontem e devem discutir o caso com o secretário da Saúde, Jurandi Frutuoso. A promotora Isabel Porto inclusive pediu que o secretário e os conselhos estadual e municipal de Saúde fossem comunicados da recomendação administrativa. O secretário disse ontem que, até março de 2005, a primeira etapa da ampliação do HGF, com a disponibilização de mais 71 leitos, estará concluída, mas enfatizou que a solução não passa por uma maior oferta de leitos, e sim pela readequação dos que já existem. ”É com a readequação do sistema de saúde, principalmente nas unidades secundárias, que se vai resolver”.

O secretário não deu garantias de que os corredores do HGF serão desocupados em 20 dias, mas assegurou que será feita a apresentação do diagnóstico do problema e das estratégias que devem ser utilizadas para as correções do sistema. ”Temos de esperar a posse dos novos prefeitos para ver que resposta eles vão dar”. De acordo com o secretário, os pacientes que deveriam ser atendidos nas unidades secundárias, mas vêm para as unidades terciárias de Fortaleza, partem tanto da Capital quanto dos municípios da Região Metropolitana e do Interior.

Segundo Jurandi Frutuoso, a Secretaria da Saúde do Estado já deu início à interlocução com os municípios cujo objetivo é reordenar a assistência. ”A solução envolve a reordenação da rede, a reordenação do fluxo, a suplementação orçamentária para os hospitais no próximo ano e o fortalecimento da atenção primária, por meio do Programa Saúde da Família”. Ele diz que está em curso um movimento nacional encampado pelo conselho dos secretários estaduais da Saúde para garantir a suplementação orçamentária e assim reduzir o déficit hospitalar em todos os estados.