Delegado da PF é afastado de investigação A Polícia Federal decidiu ontem que o delegado Antonio César Nunes não fará parte da equipe que retomará as investigações do caso Waldomiro Diniz, ex-assessor da Casa Civil afastado em fevereiro de 2004 após vir à tona uma fita em que ele pede propina a um empresário de jogos. A decisão deve ser formalizada hoje, quando o diretor-geral do órgão, delegado Paulo Lacerda, definirá o nome do substituto.

O inquérito que apura eventuais irregularidades cometidas por Waldomiro chegou à PF ontem. Ao recebê-lo em dezembro, o Ministério Público considerou o trabalho de Nunes incompleto e recomendou à Justiça que o material fosse remetido de volta à polícia. É a terceira vez que a PF recomeça o trabalho.

Segundo apurou a Folha, a versão oficial para o afastamento de Nunes, considerado centralizador pela cúpula da PF, será sua promoção a diretor-executivo regional da Bahia. A raiz do problema é mais ampla: a cúpula considerou desgaste desnecessário recomeçar as apurações e expor a instituição por falhas básicas.

A investigação, que corre sob sigilo de Justiça, ficará sob responsabilidade de uma equipe de delegados, escrivães, agentes e peritos, somada a um outro grupo da DIP (Diretoria de Inteligência Policial). O trabalho deve começar já na próxima semana.

Em seu pedido, o Ministério Público solicita o cumprimento de diligências (buscas, ações em campo) e a tomada de novos depoimentos. O procurador José Robalinho Cavalcante quer elucidar se houve envolvimento de funcionários da Caixa Econômica Federal e da multinacional GTech em crimes. Ambas as empresas negam irregularidades.

Nunes diz que Waldomiro cometeu corrupção e tráfico de influência na renegociação de contrato entre CEF e GTech, exigindo que a empresa contratasse o consultor Rogério Buratti, também indiciado. Buratti foi secretário de governo da Prefeitura de Ribeirão Preto na gestão do atual ministro Antonio Palocci (Fazenda).

Loterj

O Ministério Público do Rio anunciou ontem ter ajuizado 20 ações civis públicas desde a última sexta por ato de improbidade administrativa contra a Loterj (Loteria do Estado do Rio de Janeiro) e ex-presidentes da empresa, entre eles Waldomiro.

As ações foram baseadas em relatório do Tribunal de Contas do Estado, que constatou irregularidades na concessão para autorizações de funcionamentos de casas de bingo, principalmente na gestão Waldomiro. Segundo o TCE, as casas funcionavam sem preencher requisitos da legislação estadual e sem que a Loterj tomasse qualquer providência.

Os ex-presidentes Daniel Homem de Carvalho e Luiz Rogério Ognibeni Vargas, além de federações esportivas e empresas que exploram bingo também foram acionados. A Folha não os localizou para para falar sobre o caso.