Promotor se pronuncia em até 5 dias O jovem José Wilson Xavier Gomes, 21, acusado de tentativa de assalto à loja de conveniência do posto de combustível Esso, da avenida Washington Soares, no último dia 12, deve continuar preso até pelo menos a próxima semana. O promotor da 14ª Vara Criminal, Walter Filho, que recebeu ontem o inquérito do 13º Distrito Policial sobre o caso, tem o prazo legal de cinco dias para se pronunciar. Mas no entendimento da família do rapaz e do advogado dele, Cândido Augusto, o promotor não vai se manifestar ainda esta semana, principalmente por causa do feriado.
Hoje faz 12 dias que José Wilson foi atingido por uma coronhada e preso. Na mesma ocasião, o adolescente José Roberto Rafael dos Santos, 16, foi morto à bala. Os dois estavam no posto de combustível na madrugada do sábado, dia 12, quando foram atingidos pelo vigilante Antonio Manço, que fazia a segurança do local e alega ter reagido a uma tentativa de assalto. O vigilante, no entanto, admitiu em depoimento que não ouviu a palavra ”assalto” e que os dois ”apenas tinham atitudes suspeitas”.
Antonio Manço afirmou que o jovem se dirigiu a ele ”com atitude suspeita”, ”como que para lhe agredir, inclusive abrindo a porta da loja com bastante força”. Nesse momento, o vigilante teria aplicado uma coronhada em José Wilson, que o deixou desacordado. Antonio Manço acrescenta que o adolescente partiu então em direção a ele ”com a mão na cintura, por baixo da camisa, como se fosse sacar uma arma”. Foi quando o vigilante teria efetuado os disparos. Ele está em liberdade porque se apresentou espontaneamente à Polícia no dia do crime. A suposta arma usada pelo adolescente ainda não apareceu.
O delegado do 13º Distrito Policial, Tarcísio Macedo, que conduziu o inquérito, concluiu com base nos depoimentos que o vigilante agiu com precipitação, desequilíbrio emocional e violência e o indiciou por homicídio qualificado por motivo fútil. O advogado Cândido Augusto reforça que o vigilante agiu por dedução e questiona porque, se os dois levantaram suspeitas, Antonio Manço não acionou a Polícia, já que eles passaram cerca de duas horas no local.
O andamento do inquérito, segundo o advogado, foi a justificativa dada pelo promotor Walter Filho para não analisar o pedido de relaxamento do flagrante ou liberdade provisória de José Wilson, apresentado há oito dias. Na avaliação de Cândido Augusto, a análise poderia ter sido feita antes. Na semana passada, a comunidade do bairro Edson Queiroz, onde morava o adolescente e reside o jovem, reagiu à morte de José Roberto e à prisão de José Wilson por meio de um protesto em frente ao Fórum Clóvis Beviláqua e de um abaixo-assinado que reuniu mais de mil assinaturas.
Segundo o advogado, o promotor disse ontem que iria pedir novas diligências. O representante do Ministério Público pode denunciar o jovem à Justiça ou encaminhar o caso para uma das varas do Júri, relaxando a prisão de José Wilson automaticamente. O POVO tem procurado falar com o promotor Walter Filho desde quinta-feira da semana passada, mas ele não foi localizado no Fórum Clóvis Beviláqua nem nos telefones que constam como da residência ou celular.