Juíza nega arquivamento do caso da Base Áerea A morte de dois soldados da Base Aérea de Fortaleza, ocorrida em setembro do ano passado, continuará sendo investigada. A juíza auditora militar Maria do Socorro Leal anunciará hoje, oficialmente, sua decisão de não acatar o pedido de arquivamento do caso, feito pelo procurador militar Antônio Cerqueira no último dia 2, por não ter elementos conclusivos.

A juíza deverá requisitar à Procuradoria Geral de Justiça Militar (PGJM), em Brasília, que sejam aprofundadas as diligências para saber como de fato morreram os soldados Francisco Cleuman Fontenele Filho, 20, e Robson Mendonça Cunha, 19. Os dois corpos foram encontrados dentro do alojamento de um posto de vigilância no interior da Base, no início da noite do dia 10 de setembro de 2004, cada um com uma marca de tiro na cabeça.

O POVO apurou que além de não estar convencida da tese de homicídio seguido de suicídio apontada pelos autos do Inquérito Policial Militar (IPM), Maria do Socorro Leal também teria descartado a possibilidade do primeiro disparo ter sido acidental – como chegou a ser levantado durante o trabalho investigativo. Mais detalhes considerados importantes estariam em aberto: se os tiros foram dados a curta ou longa distância; se a arma estava na verdade encostada na cabeça das vítimas, como foi apontado na perícia da Polícia Federal; ou mesmo esclarecimentos sobre um terceiro disparo feito no local das mortes.

Familiares dos soldados chegaram a realizar protestos contra a possibilidade do caso ser encerrado porque acreditam que Cleuman e Robson foram vítimas de um duplo homicídio. Os depoimentos de um tenente, transferido para São Paulo, e de um sargento, envolvido com crimes, teriam sido juntados aos autos do IPM somente após o pedido de arquivamento.

Um novo membro do Ministério Público Militar será designado para dar prosseguimento às investigações. O caso poderá voltar às mãos do promotor militar Alexandre Saraiva, que esteve à frente da apuração até sair de férias, no dia 18 de abril, ou passar a ser conduzido pela promotora militar Marli Amorim. Essa definição será da PGJM, na Capital federal, e não tem prazo legal para ser confirmada. A juiza Maria do Socorro Leal não foi localizada pelo O POVO nos telefones disponíveis na auditoria militar.