Extermínio: Investigação pode apontar mais pessoas envolvidas ”Esse caso merece uma investigação mais aprofundada. Ainda tem muita gente vestindo farda que são verdadeiros torturadores e assassinos e que pertenciam a esse grupo de extermínio”, afirmou o promotor de justiça de Goiânia, Marcos Antônio Ferreira, que integrou a comissão especial do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CDDPH) na visita a Fortaleza. Segundo ele, a denúncia formulada pelo Ministério Público Estadual contra os policiais acusados de integrarem um grupo de extermínio no Ceará ainda deverá ter muitos desdobramentos e inclusão de ”muito mais nomes”.

As primeiras deliberações da comissão do CDDPH, após a passagem pela capital cearense, deverão sair numa reunião ordinária do Conselho que ocorrerá no próximo dia 21, em Brasília. Uma das medidas a ser sugerida deverá ser a convocação do delegado federal Cláudio Joventino Barros. Foi ele que chefiou as investigações federais sigilosas sobre o envolvimento de policiais em um grupo de extermínio e em serviços de segurança privada clandestina.

O promotor explica que a apuração da PF, que veio a público na semana passada pela Rede Globo de Televisão, ainda não estava concluída quando o delegado requisitou ao Ministério Público Federal que entrasse na Justiça com o pedido de prisão temporária dos acusados. ”O inquérito parou, já com muitos dados escandalosos, justamente porque o delegado havia requerido as prisões para que pudessem vir mais provas aos autos e as pessoas se sentissem mais seguras para denunciar”, ressaltou Marcos Antônio Ferreira. No início deste ano, Cláudio Joventino foi deslocado para comandar investigações pela Superintendência da Polícia Federal de Pernambuco.

A comissão do CDDPH terá 60 dias para elaborar um relatório com as informações obtidas no Ceará. Na última semana, os conselheiros tiveram encontros na Procuradoria Geral de Justiça (PGJ), Tribunal de Justiça, Corregedoria dos Órgãos de Segurança, promotores e procuradores ligados ao caso, participaram de audiência pública na Assembléia Legislativa e se reuniram com o governador Lúcio Alcântara. Também colheram relatos e denúncias junto a entidades de direitos humanos, vítimas e familiares.

”Chegamos preocupados e saímos menos preocupados com os encaminhamentos tomados aqui no Ceará”, avaliou Humberto Espíndola, professor de Direito Penal da Universidade de Brasília (UnB) e membro da comissão do CDDPH. ”Vamos acompanhar essa apuração até o fim. As pessoas processadas hoje são apenas uma parte”, admite o promotor Ferreira.

O CDDPH é um órgão colegiado formado por representantes de várias entidades e organismos ligados aos direitos humanos no País. O Conselho recebe e investiga denúncias que ganham repercussão nacional – casos como chacinas, grupos de extermínio ou abusos de autoridade, por exemplo. Para isso, convoca o apoio de autoridades locais e constitui comissões especiais de inquérito. Seis conselheiros integraram a comissão que visitou o Ceará.