Em depoimento ao MP, Valério aponta quem recebia mesada O empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, ao depor no Ministério Público, informou ao procurador-geral, Antônio Fernando de Souza, uma lista com nomes de parlamentares que teriam recebido recursos do mensalão. O esquema ganhou um novo nome nesse depoimento e foi apelidado de PF, o por fora. Nessa lista, estão nomes de deputados que efetivamente receberam e sacaram dinheiro do Banco Rural. A cópia do depoimento, junto com a lista dos sacadores, será entregue à CPI dos Correios amanhã.

Na verdade, os nomes apresentados por Valério seriam, em grande parte, os mesmos que já constam da lista do mensalão, apresentada por um informante da CPI dos Correios e revelada pelo Estado na sua edição de domingo. Ontem, o presidente da CPI dos Correios, senador Delcídio Amaral (PTMS), confirmou que recebeu as denúncias e disse que já pediu ao relator Osmar Serraglio (PMDB -PR) que as encaminhe à CPI do Mensalão, que será instalada amanhã.

Segundo Delcídio, a nova CPI será o fórum mais adequado para as investigações. ‘Já pedi ao relator que encaminhe as denúncias que chegaram para a CPI do Mensalão.’

Entre as informações que serão repassadas estão pelo menos oito páginas digitalizadas e ainda existe um relato manuscrito, ambos feitos pelo chamado informante encontrado pela CPI. Na lista dos 22 parlamentares citados estão nomes de peso, como os do presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PPPE), e do Corregedor-Geral, Ciro Nogueira (PP-PI).

Quando soube do assunto, Severino procurou o presidente da CPI e disse que trata de uma tentativa de desestabilizar seu mandato na presidência da Câmara. Já Ciro Nogueira, classificou a lista de patifaria e disse que será o primeiro a defender a abertura do sigilo bancário de todos os envolvidos, a começas pelo seu. Ele avalia que chegou a hora da CPI do mensalão ser instalada para investigar quem efetivamente recebeu dinheiro irregular.

Citado na lista, o deputado Júlio Lopes (PP-RJ) defendeu a apuração profunda da denúncia e disse que abre mão de sigilo bancário. Lembrou que sempre adotou uma linha de atuação oposicionista e que na CPI da Pirataria investigou de forma rigorosa o Pedro Corrêa (PP-PE), membro da direção de seu partido e apontado como um dos responsáveis pelo mensalão. Ele contou que até o deputado Roberto Jefferson (PTBRJ) teria lhe pedido desculpas por não ter excluído seu nome entre os deputados do PP que não tinha envolvimento com o mensalão.

‘Parabenizo o jornal pela denúncia, mas é preciso ver que votei contra o governo e sempre com a direção partidária do PP um relação muito difícil e abro meu sigilo bancário para mostrar que nunca participei disso’, afirmou Júlio Lopes.

Também na lista , o deputado Íris Simões (PTB-PR) negou que tenha recebido o mensalão e afirmou que tem uma relação distante com o deputado José Janene (PP-PR). ‘Não tenho nada a ver com iss.’. Para se defender, ele também recorreu ao suposto aval de Jefferson. ‘Eu não fiz parte e sou testemunha de Roberto Jefferson.’

O deputado Augusto Nardes (PP-RS), recentemente eleito com votos do PSDB e do PFL para o Tribunal de Contas da União (TCU), disse também que sempre adotou uma posição crítica em relação ao governo Lula, votando contra a reforma tributária e a favor da instalação da CPI dos Correios. ‘Achei a inclusão de meu nome um absurdo. Só pode ser vingança.’