Luizianne admite deixar o PT A prefeita Luizianne Lins (PT), avaliou ontem a crise política que está atingindo o Governo Federal e o Partido dos Trabalhadores. Ela voltou a falar sobre a citação de seu nome na CPI dos Correios, feita durante o depoimento do ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares. Ao defender punição para todos os que estiverem comprovadamente envolvidos com irregularidades, Luizianne não descartou a possibilidade de deixar o partido, mas disse que este debate só será feito após o Processo de Eleições Diretas (PED) do PT, previsto para setembro.

´Não tenho conhecimento de que o partido tenha caixa-dois´. Esta frase foi proferida por Luizianne Lins após ser questionada sobre a citação de seu nome entre os possíveis beneficiados com o esquema de financiamento ilegal de campanha, confessado por Delúbio Soares, no depoimento que prestou à CPI dos Correios. Segundo ela, a sua candidatura não contou com a apoio das direções nacional e estadual do PT durante o primeiro turno. A prefeita repetiu os dizeres de uma nota que publicou no mesmo dia do depoimento de Delúbio, que recebeu ´camisetas, adesivos e um show do Alceu Valença´.

Luizianne Lins atribui a citação de seu nome na CPI dos Correios a uma tentativa deliberada de desgastar a sua gestão. ´A gente sabe que isso é feito com intenções políticas. Existem companheiros e companheiros, gente que está lá, tem acesso à CPI e quer desgastar a imagem da Prefeitura´, alegou, informando que Delúbio foi um dos principais opositores à sua candidatura. A prefeita destacou ainda que a contabilidade de sua campanha foi uma das três, de um total de onze, aprovadas sem ressalvas pelo Tribunal Regional Eleitoral.

PRAGMATISMO – Ao avaliar a atual crise, Luizianne condenou o pleno uso do pragmatismo na política. ´Dediquei grande parte da minha juventude a construir o Partido dos Trabalhadores e a gente fica muito triste porque isso não é prática do partido, nunca foi´, assegurou. Para a petista, o financiamento público de campanhas eleitorais é fundamental para que as candidaturas não fiquem à mercê dos empresários em época de campanha. ´Estamos falando de um processo onde um núcleo muito pequeno do partido tomou como prática, inclusive o enriquecimento ilícito, a corrupção e isso é muito grave. Precisamos repensar tudo isso´, defendeu.

No entendimento de Luizianne, o PED será um momento decisivo para o PT discutir a fase difícil por qual está passando. Ela não vê os conflitos internos como empecilhos para o debate, mas como uma forma do partido reencontrar o seu caminho. ´Conflito no PT sempre teve, imagine agora no momento de crise, onde todo mundo quer ter razão. Nós sempre nos confrontamos internamente, com nossas posições, mas agora a crise é mais grave. Acho que é o momento de fazer isso, porque a política pode dar um salto muito importante depois de tudo que está acontecendo´, ponderou.