CPI quer prender Marcos Valério A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Correios aprovou ontem, por 19 votos a 1, o pedido de prisão preventiva do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza e o bloqueio de todos seus bens. A solicitação será encaminhada agora à Procuradoria-Geral, que vai decidir se medida deve ser mesmo proposta à Justiça.

Por telefone, o presidente da CPI dos Correios, senador Delcídio Amaral (PT-MS), comunicou a decisão ao procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, que lhe explicou quais são os próximos passos do caso. ”Normalmente esse processo demora de 15 a 20 dias”, disse Delcídio.

Os integrantes da CPI decidiram pedir a prisão preventiva com a justificativa formal de que o empresário poderia destruir novamente provas importantes para a investigação. Há duas semanas a polícia mineira descobriu que tinham sido queimados vários documentos da DNA Propaganda, uma das agências de Valério.

Só que o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), sub-relator da CPI, apresentou outro argumento. ”Neste momento, o pedido de prisão perde força porque era para evitar a destruição de provas e a articulação da defesa”, disse o tucano. ”Mas para mostrar o poder coerção da CPI estamos pedindo que o MP canalize essa possibilidade.’

O deputado Nelson Meurer (PP-PR), único a votar contra o pedido, reclamou. ”Marcos Valério não está se recusando a dar esclarecimentos: já veio à CPI, foi à Polícia Federal e à Procuradoria-Geral. Tem residência fixa e não há o risco de ele sair do País. Ele é réu e não é obrigado a falar a verdade. Portanto, não tem justificativa para esse pedido”, argumentou.

Na mesma reunião, a CPI também decidiu ampliar a quebra do sigilo bancário, fiscal e telefônico das empresas de Valério. Antes, a medida valia para dados referentes aos últimos cinco anos, mas agora engloba também as informações do período que começa em 1997.

A comissão aprovou ainda requerimento que quebra o sigilo bancário e fiscal do empresário no Banco de Brasília a partir de 1.º de janeiro de 2003. Também decidiu pedir documentos encaminhados pelo BankBoston ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).

Acabou sendo adiada para próxima terça-feira a votação de requerimento propondo a convocação do deputado José Dirceu (PT-SP). Na terça-feira, em depoimento à CPI, a mulher de Valério, Renilda Santiago, disse que o ex-chefe da Casa Civil se reuniu com dirigentes dos bancos Rural e BMG para discutir a dívida do PT com aqueles bancos. Apesar disso, a idéia de convocar Dirceu agora divide a CPI e optou-se por discuti-la só na semana que vem.

Foi marcado para a próxima quarta-feira o depoimento de Simone Vasconcelos, gerente financeira da agência SMPB que sacou R$ 6,1 milhões no boca do caixa. No mesmo dia, será ouvido David Rodrigues Alves, que sacou R$ 5 milhões em dinheiro das contas da DNA e da SMPB no Banco Rural. A CPI se preocupou em não fazer esses depoimentos coincidirem com a ida de Dirceu ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara, marcada para terça-feira.