Informação sobre assessor é “grave”, diz procurador-geral O procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, afirmou ontem, por meio de sua assessoria, que a informação sobre a ligação do assessor do deputado José Dirceu (PT-SP) Roberto Marques com o esquema de distribuição de dinheiro do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza “é grave e precisa ser investigada”.
O procurador-geral da República passou o fim de semana analisando o pedido da CPI dos Correios de prisão de Marcos Valério e o indisponibilidade de seus bens, mas não anunciou decisão. Também não decidiu se aceita ouvir novamente Marcos Valério amanhã, a pedido do empresário. Na edição de ontem da Folha, a diretora-financeira da SMPB Comunicação, empresa da qual Marcos Valério é sócio, Simone Reis Vasconcelos, afirmou que Marques foi autorizado a sacar R$ 50 mil da conta da empresa em junho de 2004. A retirada do dinheiro não teria ocorrido. Marques, conhecido como Bob, é ajudante-de-ordens de Dirceu em São Paulo. O advogado de Dirceu negou que autorização seja para Bob.
A CPI dos Correios possui um documento, divulgado pela revista “Veja”, onde aparece o nome de Roberto Marques como sacador na SMPB. O deputado Carlos Abicalil (PT-MT), membro da CPI, afirmou à revista e à Folha que o número da carteira de identidade no documento é o mesmo de Bob, assessor de Dirceu, mas os indícios são de que a retirada de dinheiro foi feita por outra pessoa. Os R$ 50 mil teriam sido sacados por Luiz Mazano.
Segundo o presidente da CPI dos Correios, senador Delcídio Amaral (PT-MS), ainda não existem provas de que Bob, cujo nome consta no documento, seja o assessor de Dirceu. “Isso tem que ser investigado com cautela.”
A CPI informou desconhecer que no documento conste um número de carteira de identidade. A comissão teria como ponto de partida da investigação só um número de telefone escrito na frente do nome de Roberto Marques.
Procurado ontem pela Folha, Abicalil não telefonou de volta para explicar onde estaria o número do RG de Bob. O deputado havia sido procurado por Bob quando o nome do assessor surgiu numa lista de sacadores. Ele ofereceu os documentos para uma checagem.
O deputado disse ainda que há dúvidas sobre a autenticidade do papel. Delcídio disse que, a princípio, o documento não é falsificado pois foi encaminhado à CPI pelo STF, que analisou papéis apreendidos pela PF nas empresas de Marcos Valério. Relator da CPI dos Correios, o deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) disse que a comissão pedirá à PF uma perícia no papel e que poderá quebrar o sigilo telefônico de Bob para comprovar ou descartar suposta ligação com a SMPB.