Juízes e procuradores divulgam “Carta à nação” A Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) e a Associação Nacional dos Membros do Ministério Público (Conamp) realizaram ontem uma manifestação, com a presença dos deputados Denise Frossard (PPS-RJ) e Carlos Sampaio (PSDB-SP), integrantes da CPI dos Correios, e divulgaram uma “Carta aberta à nação”, na qual afirmam que as denúncias de corrupção e emprego irregular de dinheiro “afetam alguns partidos e parcela do Congresso e do Executivo de uma forma nunca antes imaginada”. Segundo o documento, “todas as situações existentes, baseadas em fundados indícios, exigem uma investigação isenta e criteriosa, mesmo que venham a atingir altas esferas do Executivo e do Legislativo”.

O presidente da AMB, Rodrigo Collaço, ressaltou que a manifestação não era, “nem a favor, nem contra o governo, mas um ato contra a banalização dos crimes eleitorais e pela punição penal, e não apenas política, dos culpados por esses e uma série de outros crimes”. Denise Frossard justificou a presença de representantes da CPI dos Correios na reunião de mais de 100 pessoas, promovida pelas entidades dos juízes, promotores e procuradores: “O que está ocorrendo é extremamente grave e ímpar. Não é uma questão de governo, mas de Estado. Por isso estamos aqui”.

O deputado Carlos Sampaio, indagado sobre sua posição e a de seu partido com relação ao possível envolvimento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no escândalo do “mensalão” e na crise política em curso, afirmou: “Não se pode suavizar a crise política. O presidente deve ainda esclarecimentos ao país. Não adianta pedir perdão por erros cometidos por seu partido e seu governo. Não estamos falando de erros, mas de corrupção. Lula tem de dizer os nomes daqueles que o teriam traído. No seu pronunciamento de segunda-feira, ele foi omisso. Falou sem dizer, e não sentimos na sua fala a indignação a que se referiu.”

Cópias da “Carta aberta à Nação” foram entregues pelos dirigentes da Associação dos Magistrados Brasileiros e da Conamp aos presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), do Supremo Tribunal Federal e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).