Palocci fica e reage O ministro Antônio Palocci negou todas as acusações contra ele desencadeadas pelo ex-assessor Rogério Buratti, disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai mantê-lo no governo e que a política econômica não muda, pois combater duramente a inflação é uma exigência da sociedade. Além do mais, lembrou, as empresas estão lucrando como não lucraram nos últimos 20 anos, e a criação de empregos é a maior dos últimos 30 anos.

“Palocci marcou um gol”, resumiu Lula em seu apartamento em São Bernardo do Campo (SP). Para um time (o governo) que vinha sofrendo revezes diários, a fala do ministro representou alívio.

Mas o jogo está longe de acabar, e a desvantagem no placar ainda é grande. Rogério Buratti deve ir à CPI dos Bingos na quarta-feira. Vai dizer se reafirma ou não o que declarou aos promotores de Ribeirão Preto (SP).

O ministro da Fazenda falou aos jornalistas durante mais de duas horas e respondeu a quase todas as perguntas. Rejeitou qualquer possibilidade de ter havido pagamento de uma propina de R$ 50 mil de empreiteira ao PT quando foi prefeito de segundo mandato na cidade do interior paulista (2001-2002). Rechaçou qualquer influência de Buratti na elaboração de sua agenda de ministro. Rejeitou a acusação de que seu chefe de gabinete, Juscelino Dourado, tenha consultado Buratti sobre a compra de um aparelho de escuta telefônica.

O presidente Lula reuniu o gabinete da crise à noite na Granja do Torto. O PT, finalmente, teve um dia de folga.

A oposição gostou de Palocci ter falado, mas prefere esperar pela ida de Buratti à CPI. O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, defendeu o Ministério Público, que Palocci responsabilizou indiretamente pelas acusações de Buratti. A expectativa geral é que o mercado abra hoje em calma, depois da tempestade de sexta-feira.