Promotor convoca Ibama para coibir caça às avontes A caça indiscriminada às avoantes, destruição dos pombais e de mais de dois milhões de ovos e filhotes na zona rural de Morada Nova, no Sertão cearense, a 179 quilômetros de Fortaleza, levou o Ministério Público a tomar uma iniciativa: solicitou a presença de fiscais do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e da Polícia Militar nos locais de reprodução.

Os três pombais foram construídos pelas aves de arribação num sítio de 180 hectares, localizado a 10 quilômetros da sede do município. A presença de caçadores foi denunciada por pessoas que moram próximas ao sítio, segundo informações do promotor de justiça da região, José Evilásio Alexandre da Silva que ficou alarmado com os prejuízos causados às aves em reprodução.

A ação ostensiva, incluindo o Ministério Público, o Ibama e Polícia Militar teve início no último fim de semana que fizeram uma diligência até a área onde está ocorrendo a caça ilegal às avoantes e destruição dos ovos. De acordo com o promotor José Evilásio, até ontem, nenhum caçador tinha sido detido porque é grande a extensão dos três pombais.

”O local é de difícil acesso e, como o proprietário do sítio ouvia o som dos tiros de espingardas, mandou colocar pessoas de cavalos na área para perseguir os caçadores. Agora as caças ocorrem mais à noite com lamparinas para encadear as aves e baladeiras”, explica o promotor. Segundo ele, a pena para quem for detido é de 10 anos de prisão, além de multas equivalentes ao número de animais mortos.

Um trabalho preventivo, segundo ele, é feito não só em Morada Nova, mas também em outras áreas onde são feitos pombais pelas avoantes como no Maciço de Baturité e na Região do Cariri. Nesses locais, as avoantes fazem seus ninhos entre os meses de junho a agosto. A caça, lembra o promotor, é totalmente ilegal, assim como a dos marrecos.

Em setembro do ano passado, num trabalho conjunto entre a Promotoria Pública de Morada Nova, Polícia Militar e Ibama, foram presas três pessoas – José Lucena Sabóia, José Arlindo Girão e Francisco Joacir de Castro – porque estavam praticando a caça ilegal aos marrecos no município. Com eles, foram aprendidos 70 marrecos. Alguns já estavam mortos. Eles tinha ainda redes de captura, gravadores, fitas e Cds com o som da ave e um carro da marca pampa utilizado no transporte das caças.

O promotor José Evilásio lembra que Morada Nova é um município de grande produção de arroz, por isso aves de várias espécies migram para a cidade em busca de alimentos. É por isso que existem a captura indiscriminada de marrecas, avoantes e outros animais silvestres.

Em setembro, as avoantes se deslocam para os estados do Sudeste, onde passam a habitar áreas de pastagens, cerrados, campos cultivados com cereais e canaviais. As aves de arribação vivem em áreas campestres, no cerrado, na caatinga, em plantações e próximo a habitações rurais.