Nonô: “Agora vou comer uma pizza” Logo depois de anunciada a sua derrota, o vice-presidente da Câmara, José Thomaz Nonô (PFL-AL), voltou para o seu gabinete e encontrou-o repleto de companheiros de partido, como o presidente pefelista senador Jorge Bornhausen (PFL-SC) e o senador Marco Maciel (PFL-PE). Nonô afundou na sua cadeira, esticou as pernas por debaixo da mesa e exclamou: “Agora, vou comer uma pizza. E, depois, descansar.”
Para Nonô e os oposicionistas, era clara a sensação de que a vitória de Aldo — testemunha de defesa no Conselho de Ética do ex-ministro da Casa Civil deputado José Dirceu (PT-SP) — poderá representar um alívio para os cassáveis. Após a derrota, um jornalista perguntou a Nonô se ele julgava que o governo agora iria dormir mais tranqüilo. “Acho que sim”, respondeu o vice-presidente da Câmara. Outro jornalista perguntou, então, se os deputados que respondem a processo de cassação também dormiriam mais tranqüilos. “Acho que sim, também”, emendou Nonô. “Espero que a sociedade reaja a isso”, atacou o líder do PSDB, Alberto Goldman (SP). “Não pode ser coincidência que todos os deputados que estão para ser cassados tenham apoiado Aldo Rebelo”, acusou. Goldman lembrou que os líderes do PP, José Janene (PR), e do PL, Sandro Mabel (GO), que apoiaram Aldo no segundo turno, estão na lista de cassáveis, assim como o PTB, partido do ex-deputado cassado Roberto Jefferson (RJ). “Esses líderes estão na lista. Como Aldo vai fazer para cumprir os compromissos que deve ter assumido e, ao mesmo tempo, conduzir com isenção a Casa?”, questionou Goldman.
“Traição”
Apesar da pequena diferença de 15 votos, antes mesmo do início da votação do segundo turno os aliados de Nonô já desconfiavam que seriam derrotados. Cara fechada, o deputado Raul Jungmann (PPS-PE) chegou ao plenário com o quadro que parecia inviabilizar a vitória. “O PP e o PTB fecharam com Aldo. E o PDT, que viria para nós, liberou a bancada”, resumiu. “Agora, só na base da traição”, completou. Traição que realmente houve. Os votos a mais que Nonô conseguiu no segundo turno vieram dessas bancadas. No seu primeiro discurso, pela manhã, Nonô evitou atacar demais o rolo compressor do governo. Preferiu reforçar a necessidade de independência do Legislativo com relação ao Executivo. Ao fazer esse discurso, acabou escorregando no politicamente incorreto, ao chamar de “mongóis” os que julgavam que ele não teria isenção para presidir a Câmara por ser um deputado de oposição. À noite, no discurso do segundo turno, Nonô foi mais duro. “Bastou aparecer um candidato independente para aparecerem R$ 500 milhões em emendas parlamentares. Com um presidente independente, outros R$ 500 milhões vão aparecer. E isso é muito bom. Porque esse dinheiro vai para as bases e não para os bolsos dos parlamentares”, ironizou.