Procurador quer a PF investigando A Polícia Federal vai instaurar uma investigação para apurar a denúncia de existência de mais um grupo de extermínio no Ceará. A organização criminosa estaria agindo em três bairros de Fortaleza (Henrique Jorge, João XXIII e Autran Nunes), usando como ‘fachada’ uma empresa de segurança, conforme revelou, com exclusividade, o Diário do Nordeste, em sua edição de ontem.
O pedido para que a PF iniciasse as investigações partiu do Ministério Público Federal (MPF), através de documento assinado pelo procurador da República no Ceará, Oscar Costa Filho. Segundo ele, a PF terá, a princípio, um prazo de cinco dias para informar à Procuradoria a situação da empresa denominada ‘J.Y.K. Vigilância Eletrônica’, cujo proprietário seria o sargento da Polícia Militar João Augusto da Silva Filho, o ‘Joãozinho Katanã’.
LÍDER – O militar – que atualmente cumpre prisão preventiva no Hospital da Polícia Militar (HPM), é acusado de comandar um grupo de homens armados, apontados como autores de vários crimes de morte, lesões corporais, ameaças e atentados contra pessoas residentes naquelas três comunidades da periferia de Fortaleza.
Em entrevista ao Diário, na tarde passada, o procurador Oscar Costa Filho foi incisivo: “Os grupos de extermínio estão se institucionalizando no Ceará, a partir da privatização da segurança pública. Estamos caminhando para um Estado paralelo. São empresas de segurança privada, que servem de fachada para acobertar grupos de extermínio. Os comerciantes pagam ‘pedágio’ e determinam as sentenças de morte”.
DESVIO – O procurador explica que para uma empresa de segurança passar a atuar no mercado, precisa cumprir rigorosas exigências legais, sendo cadastrada até no Ministério da Justiça e fiscalizada pela Polícia Federal através da Delegacia de Segurança Privada (Delesp). São normas extremamente complexas. “Mas, o que está se observando é que estas empresas estão deixando de atuar em áreas específicas e passando a agir como Polícia, circulando nas vias públicas com motos e viaturas, exercendo uma atribuição que é exclusiva da Polícia Militar, conforme reza a Constituição Federal (policiamento ostensivo)”.
Sobre as denúncias de vários assassinatos praticados pelo suposto grupo de extermínio liderado pelo sargento, o procurador explica que as investigações da PF, em seu primeiro momento, irão demonstrar até onde a empresa de segurança serve de ‘fachada’ para a prática dos extermínios. “Vamos saber até que ponto uma coisa está ligada a outra”. Oscar Costa Filho decidiu também, ontem, instaurar um procedimento administrativo, na própria Procuradoria da República no Ceará, com o mesmo objetivo das investigações que serão feitas pela PF.