Desvendada em Ipu rede de exploração sexual A Polícia desvendou um rede de exploração sexual de criança e adolescentes na cidade de Ipu. O esquema vinha funcionando, segundo o delegado Cleófilo Melo, havia pelo menos um ano. Hoje está marcado o depoimento de pelo menos três acusados de comandar a rede na cidade

Flávio Pinto
da Redação


A Polícia está investigando uma rede de exploração sexual de crianças e adolescentes em Ipu, a 346 quilômetros de Fortaleza. No centro das investigações, está um grupo de moradores da cidade, entre eles, políticos, comerciantes, aposentados e até um funcionário aposentado do Ministério Público, que teria se favorecido do esquema de exploração infanto-juvenil. Segundo o delegado Cleófilo Melo, são pelo menos 11 pessoas.

Pelo menos uma criança de 9 anos e duas adolescentes de 12 e 14 anos já foram ouvidas na delegacia e confessaram terem sido exploradas sexualmente pelos acusados, cujo nomes, O POVO, opta por não revelar, já que não tiveram a prisão decretada e nem foram presos em flagrante.

O delegado Cleófilo Melo já abriu inquérito policial para apurar o caso e esteve no dia de ontem no Instituto Médico Legal (IML), acompanhado das vítimas e de suas mães. As adolescente foram submetidas à exame de corpo delito.

Hoje pela manhã, na delegacia de Ipu, Cleófilo Melo começará tomar o depoimento dos acusados. O laudo, no entanto, só deverá ficar pronto dentro de 15 dias. Porém, o delegado informou que pelo menos no caso da criança de 9 anos estaria configurado o crime de estupro, conforme o Estatuto da Criança e do Adolescentes (ECA). ”Pelo ECA a prática de ato sexual contra crianças e adolescentes menores de 14 anos configuram crime de estupro”, resumiu Cleófilo Melo.

Entre os primeiros a depor estarão um cabelereiro, um taxista e um comerciante, que foram apontados pela Polícia como ”chefes” do esquema de exploração sexual de crianças e adolescentes. O delegado disse já ter identificado pelo menos três motéis que eram utilizados pela rede. ”Os líderes, já identificados no inquérito policial, seriam um cabelereiro, um taxista e um comerciante”, revelou Cleófilo Melo.

O delegado afirmou que o esquema funcionava havia pelo menos um ano e quatro meses. As garotas eram levadas para os encontros, geralmente, em motéis ou até mesmo na casa dos acusados. Elas recebiam entre R$ 15,00 e R$ 50,00. ”A maior parte do dinheiro ficava com os agenciadores. Em alguns casos, os agenciadores usavam as crianças para fazer faxina ou trabalhar na casa dos exploradores e lá eram abusadas”, explicou.

O esquema, conforme o delegado do Ipu, começou a ser desvendado a partir da desconfiança das mães das adolescente e da criança. ”Elas começaram a adquirir roupas e trazer dinheiro para casa. As famílias são humildes e passaram a desconfiar do comportamento, principalmente porque as três sempre saíam juntas e voltavam com dinheiro”, revelou.

O POVO tentou ouvir ontem os representantes do Conselho Tutelar de Ipu, mas nenhum deles foi localizado. A prefeita Maria do Socorro Pereira Torres também não foi localizada para falar sobre a denúncia.