Trocas no comando criticadas

Sucessivas trocas no comando da unidade policial de Varjota, município da região Norte do Estado, distante 293 quilômetros de Fortaleza, estão preocupando o promotor de justiça Raimundo Parente, titular da comarca, que é vinculada a do vizinho município de Reriutaba. Conforme esclarece Parente, ”se num dia há notícia da nomeação de um policial para o cargo, no dia seguinte surgem notícias de que virá outro para o seu lugar, chegando-se mesmo ao ponto de correrem na cidade boatos de que todos os policiais militares que atuam no município serão removidos”.

Parente diz que o problema é sério e provoca grande preocupação, visto que, segundo ele, os procedimentos policiais não estão sendo concluídos a tempo e, às vezes, nem sequer são instaurados. Ele reclama que tal situação compromete seriamente a eficiência do aparelho policial, o trabalho de persecução penal do Ministério Público e as atividades do Poder Judiciário no âmbito de Varjota.

Para o promotor, que afirma já ser do conhecimento do juiz da Comarca a situação, o que há é uma luta entre políticos das facções locais pela nomeação do encarregado pela unidade policial. Segundo ele, o objetivo das lideranças é assumir o comando da polícia para intimidar os adversários e proteger os amigos. Raimundo Parente explica que até bem pouco tempo respondia pelo posto o inspetor Cassiano, um policial civil de carreira, que foi, posteriormente, substituído pelo sargento Lyndon Johnson, da Polícia Militar.

Entretanto, o promotor diz que o sargento também já foi informado que não ficará na comarca, o que continua a deixar a situação em suspense. ”É uma aberração que poderá resultar na soltura de pessoas que estão presas por crimes graves, em função do excesso de prazo para a conclusão dos inquéritos”, diz.

Salientando desconhecer qualquer ingerência de caráter político na questão, o diretor de Polícia do Interior, José Napoleão Timbó, explica que o inspetor Cassiano nunca foi nomeado chefe da unidade de Varjota, e que apenas está lá prestando sua colaboração para a segurança do município.

O Comandante da Polícia Militar, coronel Deladier Feitosa, também nega a possibilidade de interferências políticas no caso e diz que está fazendo uma mudança geral no quadro de chefes de companhias, pelotões e postos, numa medida que é de caráter administrativo. ”De qualquer maneira, vamos investigar a denúncia do promotor”, promete Feitosa.