Velloso defende a verticalização

BRASÍLIA e SÃO PAULO. O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Carlos Velloso, defendeu ontem a manutenção da verticalização, segundo a qual as coligações partidárias feitas na disputa presidencial devem ser repetidas nas eleições nos estados e nos municípios.

— Ela (a verticalização) é moralizadora, fortalece os partidos políticos e evita que as agremiações participem de conchavos — disse Velloso, que participou do fórum da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) sobre mudanças na Lei Eleitoral

Aldo: verticalização depende dos partidos

O presidente da Câmara dos Deputados, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), disse em São Paulo que a votação da verticalização nas eleições do ano que vem, marcada para hoje, depende de um acordo entre os partidos.

— A verticalização é um problema dos partidos. Eu pus na pauta porque já foi aprovada no Senado e na Câmara a maioria dos líderes julga que é matéria de interesse partidário. Mas não é a primeira vez que foi pautada. E não foi votada por falta de acordo entre os partidos. Se houver acordo amanhã (hoje), ela pode ser votada. Se não houver, temos matérias importantes para votar e não somente a verticalização — disse Aldo.

De acordo com o presidente da Câmara, a ele só cabe pôr a matéria em votação:

— Depende dos partidos. Eu botei na pauta semana passada e não foi possível votar. Voltei a pôr na pauta e espero que os partidos se entendam e a gente possa votar amanhã.

Se for aprovada a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que acaba com a verticalização nas coligações entre partidos, já aceita no Senado e cuja votação está marcada para hoje na Câmara, acaba a obrigatoriedade de os partidos repetirem nos estados as alianças feitas para a disputa da Presidência da República. Cada partido fica livre para montar suas coligações de acordo com seus interesses regionais e nacionais.

O presidente nacional do PMDB, deputado Michel Temer (PMDB-SP), atacou ontem a verticalização de coligações e previu que a proposta será derrubada no Congresso. Para ele, a verticalização só seria admissível num sistema eleitoral com poucos partidos.

— Num sistema partidário como o nosso, com 28 agremiações, a verticalização é irreal. Acredito que amanhã (hoje) vamos começar a discutir e, quem sabe, votar a emenda constitucional que derruba a verticalização. Neste momento, tenho a sensação de que cairá — disse Temer, depois de participar de um evento em São Paulo.

Para Temer, é preciso antes uma reformulação política

No entender de Temer, a proposta só poderia ser aceita depois de uma grande reformulação política do país.

— Naturalmente, com um número menor de partidos, que realmente representassem as correntes da opinião pública, a verticalização poderia ser restabelecida.

O presidente do PMDB reafirmou também que o partido terá candidato próprio nas próximas eleições. Lembrando que as prévias internas já foram marcadas para março, Temer disse que mesmo os parlamentares que hoje dão apoio ao governo Lula rejeitam a idéia de participação em chapas encabeçadas por outras legendas.

— Vamos para a candidatura própria. Temos uma decisão neste sentido, temos prévias marcadas para março — disse Temer.