MP investiga nepotismo cruzado O procurador-geral de Justiça do Estado, Manuel Lima Soares, anunciou ontem a criação de uma comissão para apurar eventuais casos de nepotismo na instituição. O trabalho será voltado para o chamado nepotismo cruzado – quando o dirigente de um órgão público nomeia o parente de outro dirigente, em troca do mesmo benefício.

O fim do nepotismo em todas as instâncias do Ministério Público foi determinado por resolução do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) em 14 de novembro de 2005. O prazo limite para que a resolução fosse cumprida terminou no dia 13 de janeiro.

O presidente da comissão, o vice-procurador de Justiça, Francisco Gadelha da Silveira, reconhece a dificuldade para detectar o nepotismo cruzado. Ele adianta, no entanto, que a delação será um dos mecanismos utilizados. “Sem uma delação, como é que eu vou adivinhar quem é parente de quem?”, justifica.
Gadelha diz esperar que as delações aconteçam através de telefonemas anônimos. “Qualquer delação que chegue, de nepotismo puro ou cruzado, será levado em consideração e apurada”, sustenta. A comissão foi instituída através de portaria e é formada por quatro membros, incluindo o presidente.

Até agora, 31 parentes de membros do Ministério Público Estadual foram exonerados do órgão. No início do mês, 400 servidores contratados receberam formulários para informar se tinham algum grau de parentesco com membros da instituição – promotores ou procuradores. Até a semana passada, 122 ainda não tinham respondido ao questionário. (Erivaldo Carvalho)