Assessor do ministro ligou 237 vezes para “laranja” Entre abril de 2003 e janeiro de 2004, Ademirson Ariosvaldo da Silva, assessor particular do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, telefonou 237 vezes para dois celulares registrados em nome de um “laranja”. Os aparelhos também foram usados para receber e fazer ligações para outros integrantes da chamada República de Ribeirão Preto, como Vladimir Poleto e Ralf Barquete, ex-auxiliares de Palocci. Há registro de conversas com a “promotora de eventos” Jeany Mary Córner, com funcionários da empreiteira Leão Leão e com outros nomes investigados pela CPI dos Bingos.

Esses dados foram obtidos com a quebra do sigilo telefônico do motorista Francisco das Chagas Costa e complementam o que ele já tinha dito em depoimento à Polícia Federal. O motorista contou ter dado sua documentação para habilitar os dois celulares, atendendo a um pedido do economista Poleto.

A quebra do sigilo telefônico feita pela CPI revela intensa comunicação entre os envolvidos em denúncias, como a da tentativa extorsão praticada por ocasião da renovação do contrato das loterias da Caixa Econômica Federal (CEF) com a multinacional Gtech, a da suposta doação de US$ 3 milhões de Cuba para a campanha eleitoral do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a do esquema de superfaturamento de contratos presumivelmente montado em Ribeirão Preto nos tempos em que Palocci era prefeito.

O motorista disse à Polícia Federal que trabalhou em Brasília, nos anos de 2003 e 2004, para antigos atuais assessores de Palocci. Segundo ele, logo nos primeiros contatos, Poleto pediu cópia de seus documentos para habilitar um telefone – no que foi atendido. De acordo com a PF, os números só foram desativados neste ano. A assessoria do Ministério da Fazenda foi procurada, mas não respondeu aos pedidos da reportagem. (AE)