Coronel nega omitir informações Cláudio Ribeiro e Demitri Túlio
da Redação
[09 Março 03h27min 2006]
O atual comandante da Base Aérea de Fortaleza Rogério Veras afirmou ontem, em entrevista exclusiva ao O POVO, que não tem nada a esconder em relação às mortes dos soldados Cleoman Fontenele Filho e Robson Mendonça Cunha. Os dois foram encontrados mortos, cada um com um tiro na cabeça, no dia 10 dia de setembro de 2004, no interior de um dos postos de serviço do quartel. “De maneira alguma, podemos omitir qualquer informação porque estaríamos passíveis de uma cobrança em nível judicial. O nosso papel aqui é contribuir de maneira integral com a legalidade”.
De acordo com o coronel-aviador, “todas as informações solicitadas pela promotoria militar foram atendidas em tempo hábil e completas. Foram pedidas informações a respeito do inquérito e tudo foi atendido”, disse, sem querer detalhar o teor dos documentos. Veras afirma que os dados pedidos chegaram a ser repassados até antes do prazo final estabelecido. O militar não lembrava o número exato de ofícios recebidos desde que chegou ao comando, em 31 de janeiro deste ano. À época do episódio, o comandante da Base era o coronel-aviador Otto Voget.
O comandante procurou a reportagem de O POVO para dizer que não pode se pronunciar publicamente sobre detalhes do inquérito porque a apuração, agora, é de responsabilidade do Ministério Público Militar. O Inquérito Policial Militar (IPM), conduzido pelo capitão Márcio Gonçalves Ribeiro, não chegou à conclusão alguma sobre a autoria dos crimes. O inquérito foi alvo de críticas por parte do médico-legista Francisco Simão.
Há um mês e meio em Fortaleza, Rogério Veras não quis comentar as recentes entrevistas publicadas em O POVO concedidas pelas mães dos soldados -Fátima Fontenele e Imaculada Mendonça – e pelo médico Francisco Simão. As mães afirmaram que na Base Aérea já se saberia a autoria das mortes e que os militares estariam sendo pressionados a não falar sobre o assunto. O legista apontou que o caso foi de fato um duplo homicídio, premeditado, e que teria sido cometido por alguém que tem trânsito livre no quartel. “Isso tudo estaria dentro do corpo do IPM. Eu cheguei aqui em 31 de janeiro e não devo falar sobre o inquérito que está com o promotor”, diz.
Atualmente, o promotor militar Alexandre Saraiva continua tomando depoimentos e determinando diligências. O IPM número 42/04 já soma seis volumes com quase quatro mil páginas. Também existe na Procuradoria da República no Ceará (PRC) um procedimento investigativo sobre o caso. Após matérias veiculadas em O POVO denunciando violação do local das mortes, à época dos fatos, o procurador Alexandre Meireles está apurando se houve obstacularização da Base Aérea na condução das investigações. Segundo a PRC, tal situação, se confirmada, poderia favorecer alguém na instituição militar.