Alerta contra a escalada da barbárie Um alerta sobre a escalada de violência que coloca em xeque a própria noção de civilização. Dessa forma pode ser sintetizado o pronunciamento do presidente da Associação Cearense do Ministério Público (ACMP), Francisco Gomes Câmara, declarando oficialmente criada a Frente Única Permanente em Defesa de uma Segurança Pública de Qualidade. Defendendo a garantia dos preceitos constitucionais para além das amarras do Estado mínimo, Gomes destacou o papel propositivo da Frente.

“Naturalmente se pode afirmar que a cada ação há grande possibilidade de uma reação mais forte; portanto, quando se violenta a dignidade humana negando-lhe uma vida social civilizada, mormente pela ausência de uma segurança pública eficaz, se está criando possibilidades reais de uma reação muito mais violenta do que a natureza humana pode em estado normal de civilidade produzir”, argumentou o presidente da ACMP em seu discurso.

Em nome das entidades que compõem a Frente recém-criada, Gomes denunciou a perplexidade da sociedade brasileira diante da onda de violência que assolou o estado de São Paulo, reproduzida em outras unidades da federação. “Em um único dia houve mais mortes em São Paulo do que em igual período em solo iraquiano. Assim contabilizou a imprensa”, registrou.

Em sua concepção, o Estado oficial brasileiro ficou refém do Estado paralelo patrocinado pelo crime organizado. Num contexto de crise social, assinalou o presidente da ACMP, a reflexão sobre as políticas de segurança pública torna-se fundamental.

Dessa forma, justificou, as discussões sobre o Conselho Estadual de Segurança e sobre as propostas de gestão dos candidatos a governador ajudam a elucidar caminhos em busca de uma segurança que assegure “a dignidade de uma cidadania livre do medo e sem violência”.

Representaram as entidades integrantes da Frente o presidente do Sindicato dos Agentes e Servidores Penitenciários do Estado do Ceará (Sindepe), Augusto César Coutinho, o presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia Civil do Estado do Ceará (Sindepol-CE), Luzimar Cunha, o presidente do Sindicato dos Policiais Civis de Carreira do Estado do Ceará (Sinpoci-CE), Weudo Jorge Queiroz, a presidente da Associação dos Defensores Públicos do Estado do Ceará (ADPEC), Francilene Gomes, o presidente da Associação Cearense dos Magistrados (ACM), Paulo de Tarso Nogueira, o coordenador da Pastoral Carcerária do Ceará, padre Marco Passerini, e a presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Ceará (Sindjorce), Déborah Lima.

O movimento surgiu a reboque da onda de ataques do Primeiro Comando da Capital (PCC) em São Paulo, em maio deste ano, cujo principais alvos foram policiais civis e militares. Os ataques geraram uma mobilização de entidades cearenses – a partir de informações repassadas ao Sindepe – que alertaram para a possível existência de membros do PCC no Estado.