Discurso de Francisco Gomes Câmara na contraternização de fim de ano da ACMP

Boa noite,

Colegas associados,
Familiares e convidados,


A noite de hoje representa, antes de tudo, uma oportunidade de celebrar. Celebrar afetos, reencontros, sucessos de um ano prestes a terminar. Tudo isso é motivo para estarmos, uma vez mais, reunidos. Mas celebrar também pode guardar uma significação outra, que não a da pura e simples expressão de satisfação. No levantar das taças, pela unidade e pela harmonia de uma instituição que há muito deixou de ser acessória à democracia, nos autoriza igualmente a fazer uma pausa para a reflexão acerca do nosso nobre, mas árduo, caminho.

Nesse sentido, recordamos Sócrates em A República de Platão, trazendo à reflexão o que costumamos chamar de A Teoria da Aparência do Justo. Pois bem, ali se indagava se é mais fácil ser justo ou parecer justo, discutindo-se, portanto, que para a grande maioria era melhor parecer justo, haja vista que assim sendo conseguia-se fama e outras benesses, enquanto o verdadeiro justo somente o desprezo recebia, pois com certeza combatia exatamente os falsos justos. 

Por conseguinte, a aparência do justo nos dias de hoje resulta em se ver corruptos aplaudidos como se homens honestos fossem, enquanto abnegados e valorosos colegas muitas vezes são classificados como persona non grata, simplesmente porque vem cumprindo o dever funcional de combater a impunidade desses falsos justos.

Todavia, o amadurecimento e a responsabilidade institucional não permitem que as condutas desses desonestos nos desviem da nossa missão, ainda que sejamos injustamente atacados por eles, que se valem de suas posições sociais ou cargos públicos para quererem calar a nossa voz e impedir a nossa caminhada na busca da tão desprezada justiça social.

E se é verdade que a união faz a força, é essa a lição que devemos continuar a honrar não somente em 2007, mas por toda vida institucional, pois, a garantia da solidez de nossa missão, está, em boa parte, na boa articulação do Ministério Público enquanto categoria. No reconhecimento das demandas e conquistas como fins destinados a assegurar a dignidade humana dos membros da sociedade a que servimos.

Por outro lado, podemos dizer, sem receio ou dúvida, que a Associação Cearense do Ministério Público não tem fugido à missão que lhe cabe. Ciente da altivez, da independência e da firmeza que deve nortear a inserção do Ministério Público no meio social, a ACMP tem buscado, em suas iniciativas, honrar esse compromisso.

Todavia, neste momento de confraternização devemos ressaltar que temos nosso ânimo fortalecido não pela sensação do dever cumprido, mas pela sensação do dever continuamente em cumprimento. A iminência do desafio serve de estímulo a continuarmos buscando os necessários acertos institucionais.

Por fim, rendemos nossas sinceras homenagens aos nossos familiares e amigos, pois sem vocês, nós que fazemos o Ministério Público cearense, não teríamos forças para continuar a nossa missão constitucional, e assim, desejamos a todos um feliz Natal e um próspero Ano Novo, com a certeza de que estamos no caminho certo e que o muito do que se tem ainda a fazer, por um mundo melhor, sem dúvida, depende de nós.