Presidente da ACMP discute políticas públicas em programa na Rádio Universitária. Saiba mais

Os rumos das políticas de segurança pública no Estado foram pauta da edição desta quarta-feira do programa Rádio Debate, da Rádio Universitária FM de Fortaleza. Francisco Gomes Câmara, presidente da Associação Cearense do Ministério Público (ACMP) e integrante da Frente Única Permanente em Defesa de uma Segurança Pública de Qualidade, participou ao vivo do programa, e defendeu uma visão multidisciplinar da questão da segurança para que haja maior efetividade nas políticas voltadas a essa área.

Durante o programa, Gomes anunciou que a Frente Única vai iniciar uma série de reuniões em bairros de Fortaleza e no Interior, com o objetivo de identificar demandas sociais e encaminhá-las aos organismos competentes. A primeira localidade visitada será a do Bom Jardim, em Fortaleza, que já possui mapeamento realizado por organizações não-governamentais.

Entrevistado pelo jornalista Agostinho Gósson, o presidente da ACMP louvou a instalação do Conselho Estadual de Segurança Pública, órgão de debate e proposição de ações na área. “Tenho certeza de que, com o Conselho, a sociedade terá a oportunidade de ajudar o governo na implementação das políticas públicas”, disse.

Segundo ele, a Frente defende a ampliação do número de assentos no Conselho – hoje restrito a 13 entidades, segundo a lei estadual nº 12.121 – para que a entidade ganhe maior representatividade.

Ao comentar a situação das delegacias de polícia, Gomes defendeu a necessidade de se pensar a segurança a partir das pessoas que nela atua,. Nesse sentido, é necessária uma autocrítica por parte todos os segmentos.

“Temos que apontar o dedo para todos nós que fazemos a segurança. A Frente Única está se dirigindo aos bairros e ao Interior para entender melhor o problema. A segurança, em nossa concepção, é um indicador da eficácia das políticas públicas. Daí porque queremos fazer isso. Há um ditado que diz: o que os olhos não vêem, o coração não sente”, afirmou.

Ele defendeu ainda atendimento mais eficiente nos finais de semana, quando se acentuam as ocorrências e as equipes se mostram insuficientes.

A idéia de dotar a segurança de uma mentalidade científica foi exposta pelo presidente da ACMP. Segundo ele, algumas medidas factíveis com esse objetivo são a inclusão de profissionais multidisciplinares (sociológos e antropólogos), por exemplo, na composição das equipes policiais, e também o emprego desses profissionais na detecção de problemas nas comunidades.

Ele citou como exemplo de ação bem-sucedida nesse sentido a intervenção feita pela Secretaria de Segurança Pública do Paraná em áreas consideradas críticas, com a preocupação não apenas com a repressão do crime, mas com a identificação de suas causas. “Isso é necessário para que tenhamos mais visões na hora de trabalhar a segurança”, lembrou.

Gomes apontou a necessidade de se buscar um maior amparo às vítimas de crimes, e reforçou a importância da presença de profissionais de outros segmentos nas investigações, como forma de garantir um maior resguardo às vítimas.

O presidente da ACMP chamou atenção para as prioridades dos gestores públicos, ao lembrar que são necessários mais recursos para garantir a dignidade de classes como a policial.

O outro participante do debate foi o da secretário-adjunto de Segurança Pública e Defesa Social, José Nival Freire. Ele mostrou concordância com pontos defendidos pela Frente Única, como a orientação multidisciplinar do trabalho policial e também a necessidade de se dotar os procedimentos de maior rigor científico.