O corte de verbas do programa Saúde Mais Perto de Você segue sendo investigado pelo Ministério Público Estadual. Saiba mais

O Ministério Público Estadual prossegue o inquérito civil para apurar como e quais fatores levaram o governo estadual a realizar corte de verbas do programa Saúde Mais Perto de Você. Foram ouvidos nessa quarta-feira o chefe de Políticas Públicas de Saúde de Fortaleza, Alex Mont´Alverne, e o presidente da Federação das Misericórdias e Entidades Filantrópicas do Ceará (Femice), Pedrinho Minski. O período escolhido para a paralisação dos repasses – quadra chuvosa e Carnaval – causou preocupação.

Uma das maiores apreensões de Mont´Alverne é com os serviços de neonatologia entre os meses de fevereiro e abril. De acordo com ele, nesse período, sempre há um aumento na demanda por atendimentos em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) neonatais. Daqui a pouco mais de uma semana, outro problema poderá se agravar. A desativação de alguns serviços como traumatologia e plantão de cirurgias de emergência no Interior pode afogar o serviço em Fortaleza com a chegada do Carnaval.

Essas foram algumas das preocupações apontadas por Mont´Alverne à promotora de Defesa da Saúde Pública, Isabel Porto. Para que essas desativações não ocorram, ele propôs ao Conselho dos Secretários Municipais de Saúde do Ceará (Cosems-CE) que fosse elaborada uma lista dos hospitais que “inquestionavelmente têm boa resolubilidade”. Um exemplo é o Hospital São Vicente de Paulo, em Itapipoca, que atende 97% da demanda local por atendimento de obstetrícia e 80% das cirurgias ortopédicas e traumatológicas. “Já soubemos que, por causa do corte, já houve redução de plantonistas por lá”.

O secretário estadual da Saúde, João Ananias, tem audiência marcada com a promotora Isabel Porto para esta sexta-feira (9). Ele prometeu ao governador Cid Gomes entregá-lo no mesmo dia, em mão, um estudo completo sobre o programa Saúde Mais Perto de Você. O secretário deverá também estabelecer novos critérios para a liberação de recursos para hospitais filantrópicos e Santas Casas.

O possível fechamento de setores de urgência e emergência desses hospitais devido ao corte é descartado por João Ananias. “Não se pode fechar por causa de R$ 30 a R$ 50 mil. Emergência não se mantém com isso nem deixa de se manter por causa disso”, disse ele. “Isso é uma crise localizada e não sistêmica. A crise das filantrópicas vem desde o começo do SUS (Sistema Único de Saúde), porque a prioridade é o poder público”.