Violência cresce no interior e entre jovens, aponta estudo
A Organização dos Estados Ibero-Americanos divulgou, nessa terça-feira, a pesquisa Mapa da Violência dos Municípios Brasileiros, versão mais abrangente do Mapa da Violência 2006 – Os Jovens do Brasil, lançado em novembro de 2006. Trata-se de um diagnóstico referente a cada um dos 5.560 municípios brasileiros referente ao período que compreende os anos de 1994 e 2004.
Os resultados, obtidos com base nos dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, revelam crescimento da violência no interior do Brasil e também entre as camadas jovens da população.
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Íntegra da pesquisa (formato .pdf)
Entre 1994 e 2004, os homicídios entre a população jovem cresceram de 11,33 mil para 18,59 mil, o que resulta em um aumento de 64,2%. Segundo o estudo, as vítimas mais comuns dos homicídios são jovens, a maioria negros, e do sexo masculino.
De acordo com o “Mapa da Violência dos Municípios Brasileiros”, aumentou também o número de vítimas jovens (entre 15 e 24 anos). Os índices de homicídios juvenis no País são mais de 100 vezes maiores do que em países como Áustria, Japão ou Egito.
Capitais menos violentas; interior mais inseguro
O estudo mostra que 10% dos municípios brasileiros concentram 71,8% dos homicídios, e que, desde 1999, a violência vem crescendo no interior dos Estados e estagnando nas regiões metropolitanas. Os óbitos por homicídio no Brasil acontecem principalmente em 556 cidades. Dos 48.345 óbitos por esta causa, ocorridos em 2004, 34.172 foram registrados nessas cidades. São os 10% de municípios com taxas de 29,7 até 165,3 homicídios em cada 100 mil habitantes. Os estados com maior número de municípios violentos são Pernambuco, Rio de Janeiro e Rondônia.
Os números são mais alarmantes se comparados aos civis mortos na invasão do Iraque, que já contabilizam quase 63 mil em quatro anos de conflito. A pesquisa mostra que as regiões Centro-Oeste e Norte são campeãs na taxa média de homicídio. Das dez cidades com maiores taxas, seis encontram-se no Centro-Oeste. A cidade de Colniza (MT) lidera o ranking nacional.
“Na última década o interior passou a concentrar uma quantidade maior de recursos. Esse desenvolvimento não veio acompanhado de políticas preventivas de violência, como o Plano Nacional de Segurança, que ficou restrito a áreas metropolitanas”, explica Júlio Waiselfiz, pesquisador e coordenador da pesquisa.
Descentralização da violência
Segundo Waiselfíz, “os noticiários sobre violência se concentram em quatro ou cinco estados. Vimos que existe um alto grau de incidência de homicídios em cidades que nem sabíamos que existiam no mapa. É necessário políticas específicas para essas regiões”.
O Brasil ainda ocupa uma posição nada honrosa no quadro mundial no total geral de homicídios. Entre 84 países do mundo com taxa total de 27 homicídios a cada 100 mil habitantes, o Brasil ocupa a quarta posição no ranking, só melhor que Colômbia, e com as taxas semelhantes às da Rússia e da Venezuela.