Artigo: Fortaleza Bela?

Em artigo publicado no jornal O Povo, a Procuradora de Justiça Zélia de Moraes Rocha discorre sobre a relação entre a Prefeitura de Fortaleza e os setores produtivos. Ela afirma que a prefeita Luizianne Lins (PT) foi “grosseira” nas respostas dadas ao presidente da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), Roberto Macedo, que fez críticas à administração municipal. Confira a íntegra do artigo.

Há poucos dias, o presidente da Fiec, Roberto Proença de Macêdo, teceu críticas na imprensa local à administração da prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins, expressando o desejo de que o eleitorado fortalezense refletisse melhor no momento da escolha do novo administrador de nossa capital. Ele falou, em síntese, que a prefeita só volta suas vistas para a periferia, mas que era preciso administrar para toda a cidade. Vixe Maria. A réplica veio feroz. Em forma de ataque.

As idéias expostas pelo presidente da Fiec se confirmam, assim, com a resposta amadora e grosseira da prefeita a uma crítica justa de quem representa uma importante entidade do Estado, com várias ações na periferia de Fortaleza, por meio, sobretudo, do Sesi e do Senai. Infelizmente, Luizianne Lins, que se notabilizou no parlamento pela agressividade quando exercia seu direito a crítica, parece não ter entendido o que representa a estatura de um prefeito de Fortaleza. Parte logo para o ataque pessoal, como se não fosse legítima a crítica, e desrespeita o presidente de uma entidade que sempre esteve aberta aos gestores municipais para a discussão dos problemas que afligem nossa cidade.

Expor idéias, prefeita, é exercer a democracia. Quem desconhece o drama vivido pela população menos favorecida de nossa cidade? Para que, em sua resposta, apontar números a esmo, como se isso lhe conferisse crédito perante a população? É fugir do debate maior. Além do mais, os dados apontados como sendo virtudes não passam de obrigação. Sem contar que não foi isso o prometido. Quem não se lembra da promessa de 100 escolas e a construção de 40 mil casas? Uma Fortaleza verdadeiramente bela, prefeita, passa também pela capacidade de saber conduzir um diálogo produtivo. E, infelizmente, cada vez mais sua administração se fecha para a sociedade.

Não vi como críticas do presidente da Fiec o fato de a prefeita Luizianne Lins trabalhar a favor da periferia. Até porque é nela que se encontram as pessoas mais carentes. Voltar às vistas para essa parte da cidade é crucial a qualquer administração. Roberto Macêdo afirmou, na verdade, que a prefeita foi eleita por todos os fortalezenses, independente de classe social. Suas ações, portanto, deveriam englobar toda a cidade. Esse modo atual de agir da prefeita não é justo. São ações meramente eleitoreiras. Outras áreas da cidade estão acabadas ou se acabando, ruas estão esburacadas, praças abandonadas e muitos são os pontos de lixo, para citar alguns problemas.

A cidade está, sim, sem gestor, sem projeto e com uma administração isolada da sociedade e acéfala em muitos sentidos. Fortaleza não é só a periferia. É preciso administrar visando toda a cidade, mesmo que isso às vezes não redunde em votos.