IJF requer avaliação do MP sobre atendimento O caos no Instituto Doutor José Frota (IJF) parece não ter fim. Na manhã dessa segunda-feira (10), havia 92 pacientes internados na Emergência do hospital, quando a capacidade é de receber somente 20. A sala de recuperação de cirurgias era mais um exemplo da superlotação: 42 recém-operados tinham de aguardar em macas ou até nas mesas de operação, visto que só há 12 leitos disponíveis.
Ao reconhecer que a situação é recorrente e preocupante, o superintendente do IJF, Wandemberg Rodrigues dos Santos, solicitou ao Ministério Público a realização de um estudo técnico sobre as condições do hospital para que, comprovado o esgotamento da capacidade de atendimento, busque-se uma solução para o caso.
O aumento na quantidade de leitos disponíveis na rede de média complexidade pode ser uma saída na opinião de Wandemberg.
“É preciso que os hospitais-pólo e os municípios sejam mais resolutivos. O IJF não pode resolver a saúde do Estado todo”, considerou o superintendente.
O apelo para que os municípios do Interior e da Região Metropolitana busquem solucionar os problemas de seus pacientes sem mandá-los para Fortaleza é uma das estratégias adotadas pela direção do Frotão para combater a crise.
A outra alternativa é buscar leitos livres nos hospitais conveniados à rede municipal.
Nessa segunda pela manhã, o coordenador de Políticas Públicas da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Alex Mont´Alverne, esteve no maior hospital do Município para tentar agilizar a transferência dos pacientes da Emergência e da sala de recuperação cirúrgica.
Ele também procurava vagas para a realização de 16 neurocirurgias, visto que o IJF prioriza as operações de emergência.
Mont´Alverne informou que foram transferidos pacientes com problemas de traumatologia para o Pronto Socorro dos Acidentados, Hospital Gomes da Frota, Hospital SOS e Hospital Fernandes Távora.
Ocorrências
Entre as 19 horas da última sexta-feira e as 7 horas de ontem, o Frotão realizou 826 atendimentos, entre os quais 92 pacientes vítimas de violência (agressões físicas, violência doméstica e lesões por armas brancas e de fogo) e 142 envolvidos em acidentes de trânsito, entre colisões, atropelamentos e capotamentos.
Destes, destaca-se o alto número de acidentes envolvendo motociclistas: 72. Entre eles, estava o tio da zeladora Odênia Maria de Jardilino, 28. Ele estava na garupa de uma moto que se chocou contra um carro na madrugada de sábado para domingo, em Canindé. Com traumatismo na cabeça, o homem era atendido nos corredores do IJF desde domingo.
Pior ainda era a situação dos esposo de Syene Freire Gondim, 38, que sofreu hematoma próximo ao rim após derrapar em uma moto na última quarta-feira. De lá para cá, ambos vêm circulando pelos corredores do hospital.
“É deprimente: o paciente já está debilitado e ainda tem que conviver com uma situação dessas”.
Alguns pacientes vítimas de acidentes aguardam há cerca de um mês por atendimento cirúrgico.