Promotoria do 13º Juizado Especial intermedia casos de dependência química As drogas estão por trás de quase todas as questões familiares que chegam à Promotoria de Justiça da 13ª Unidade do Juizado Especial Cível e Criminal de Fortaleza. A unidade abrange os bairros Pirambu, Álvaro Wayne, Jacarecanga, Monte Castelo e Ellery – região que sofre com a massificação do crack na Capital. O álcool também funciona como estopim de conflitos domésticos e entre vizinhos. O Ministério Público reuniu, ontem (8 de agosto), segmentos que trabalham com dependentes químicos na área. A intenção era conhecer as atividades desenvolvidas e criar uma articulação entre os organismos.

O álcool e o crack causam 98% das demandas familiares que chegam à promotoria. É o que revela a promotora Antônia Lima Sousa. Ela não deu números absolutos, mas aponta características e perfis de usuários e problemas. “Quando envolve filhos, há relação com o álcool e o crack. Se formos para o marido e mulher, é o álcool. Briga de vizinhos, geralmente, também é álcool”, diz Antônia. Segundo ela, a maioria é de rapazes, até 25 anos, em primeira infração. Cerca de 30%, ela afirma, é de reincidências. O sexo feminino é minoria, mas já é “significativo”.

Quem atesta a popularização do crack é a coordenadora do Centro de Direitos Humanos, Educação e Liberdade, Olga Ribeiro. Ela trabalha, há 28 anos, com integrantes de gangues do Pirambu e tenta livrá-los das drogas por meio de prevenção ou terapia. A maconha, ela lembra, era fator principal no início do trabalho. Hoje, “quase tudo é o crack”. E, segundo Olga, a situação piora porque o contato com a droga é cada dia mais cedo.

O crack, vendido em pedras, custa R$ 5 – a pedra. É um dos algozes da infância e juventude na região, conforme Olga. “Tem aquelas situações mais conhecidas: vender as coisas de casa, roubar. E tem os casos de prostituição infantil”, denuncia. A idéia do encontro, diz a promotora, surgiu no aniversário do Pirambu. No encerramento, em 30 de maio, houve um seminário sobre drogas.