Emoção e indignação marcam solenidade. Prédio abriga Promotorias de Justiça, Procon e Juizado Especial. Saiba mais Inaugurado, nesta quarta-feira, 13 de agosto, o novo prédio que abrigará as quatro Promotorias de Justiça na Comarca do Crato, o Programa Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon/Ce) e o Juizado Especial Cível e Criminal, localizado à Rua Nossa Senhora de Fátima, 115, Bairro Pimenta. A sede recebeu o nome da vendedora de jóias Telma de Sousa Lima, uma das 130 mulheres assassinadas, vítimas de violência no Cariri – a grande maioria por motivos passionais – nos últimos dez anos.

A solenidade contou com a presença da Procuradora-Geral de Justiça, Socorro França; do presidente da Associação Cearense do Ministério Público, Francisco Gomes Câmara; de promotores e procuradores de Justiça, juízes, defensores públicos, delegados de Polícia que atuam na região do Cariri, representantes do Comando da Polícia Militar, da Ordem dos Advogados e do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher Cratense.

Portando cartazes com as fotos de mulheres assassinadas em Crato, um grupo de manifestantes, a maioria familiares de vítimas da violência, pediu justiça contra os acusados de crimes que ainda não foram julgados. A resposta imediata veio nos discursos emocionados do Promotor de Justiça Elder Ximenes Filho; do presidente da ACMP, Gomes Câmara, e, por último, da Procuradora Socorro França, que destacaram a função do Ministério Público como guardião da Constituição, além de instrumento de formação de responsabilidade e consciência da sociedade, de luta contra a violência e a corrupção e pela prevalência das leis e dos direitos do cidadão.

Elder Ximenes destacou que o prédio do Ministério Público no Crato, bem como todas as salas das Promotorias, leva o nome de mulheres assassinadas. Enfatizou que se a homenagem não traz a vida delas de volta para suas famílias, pereniza a memória das vítimas da violência. Ele lembrou que “uma das funções do Ministério Público e tornar o País melhor de se viver e não de morrer. É corrigir os erros do Estado, tornar possível a justiça e não aceitar a impunidade”.

Vestindo uma camiseta da campanha nacional de combate à corrupção, estampada com a frase “O que você tem a ver com a corrupção?”, Socorro França, também indignada com a violência contra a mulher, destacou que, felizmente, o Brasil está mudando: “A justiça vem aparelhando-se de equipamentos jurídicos fundamentais para combater a impunidade.” Citou a Lei Maria da Penha que, segundo afirmou, tem contribuído para diminuir a violência contra a mulher.

O presidente da ACMP, Gomes Câmara, igualmente emocionado, fez o seu discurso na mesma linha de combate à corrupção e à impunidade. Ele ressaltou a força da simbologia da sede das Promotorias do Crato receber o nome de Telma de Sousa Lima, a primeira de uma série de sete mulheres assassinadas pelo chamado “Escritório do Crime”, no Cariri, por omissão do Estado.

Discursaram ainda na solenidade a representante dos familiares das vítimas da violência, Maria Socorro Santos Pinto, e a presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher Cratense, Zuleide Fernandes Queiroz.  

Guerreiras do Cariri  

A homenagem prestada pelo Ministério Público às mulheres vitimas da violência é conseqüência do trabalho incansável desenvolvido por um  grupo de mulheres  do Crato, que não se abateu e nem cruzou os braços diante da onda de violência, machismo e desrespeito à pessoa  humana que assombrou o Cariri e intimidou a sociedade cearense, nos últimos anos. Sem abandonar suas atividades profissionais e domésticas, essas mulheres trocaram empunharam a bandeira da cidadania e foram à luta contra a violência e a injustiça.  

Fundaram o Conselho Municipal das Mulheres do Crato, promoveram encontros, realizaram manifestações, gritaram nas portas dos fóruns e não deram trégua aos assassinos das 130 mulheres mortas no Cariri, nestes últimos 10 anos. As guerreiras do Cariri conquistaram espaço dentro de uma sociedade machista que defende o conceito absurdo de que a mulher deve ser posta em um plano social inferior.  

Hoje, ao receber o reconhecimento do Ministério Público e da justiça, este grupo de mulheres conquistou também a simpatia da população caririense.

Atendimento facilitado

O edifício do Ministério Publico no Crato possui a área total de 288m², abrigando todas as Promotorias de Justiça do município. Cada sala onde funcionarão as Promotorias tem o nome de mulheres vítimas de violência no Cariri. São elas: Luiza Alexandra de Alencar, Maria Eliane Gonçalves da Silva, Edilene Maria Pinto Esteves, Maria Aparecida Pereira da Silva, Wanesca Maria da Silva e Ana Amélia Pereira de Alencar.

De acordo com os promotores do Crato, a centralização das Promotorias num único prédio facilitará o atendimento ao público. Antes, os órgãos do Ministério Público funcionavam nas dependências do Fórum Desembargador Hermes Pharayba.

Veja imagens do evento

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Socorro França e Élder Ximenes

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Socorro França e Francisco Gomes Câmara

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