O coordenador do Centro de Apoio Eleitoral, Emmanuel Girão, enumera vários de casos de suspeita de fraude por parte de institutos. Saiba mais
Compra de votos; transporte irregular de eleitores; envolvimento de policiais militares a favor de candidatos, foram apenas algumas das dificuldades enfrentadas pelos integrantes do Ministério Público durante o pleito do último dia 5. ´Em Baturité, o juiz eleitoral se afastou porque seu cunhado era candidato, mas o carro do mesmo juiz foi flagrado fazendo transporte irregular para o cunhado´, contou o coordenador do Centro de Apoio Eleitoral, o promotor Emmanuel Girão (foto), ao Diário do Nordeste. Mas, um dos problemas mais preocupantes ocorridos durante a eleição em alguns municípios, segundo o promotor, passou despercebido, trata-se de pesquisas de intenção de voto fraudulentas.
Assim como parte dos deputados estaduais que constituem a Assembléia Legislativa do Ceará, Emmanuel Girão acredita ser necessária a instauração de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre os institutos desconhecidos que divulgaram pesquisas duvidosas no Interior do Estado.
O promotor informou, ainda, que alguns dos seus ´colegas´ já estão com procedimentos em andamento. Em Mauriti (491km de Fortaleza), onde foi realizada e divulgada pesquisa pelo Instituto Cearense de Opinião Pública (Icop), o qual, conforme Emmanuel Girão, ´tudo indica que não é uma empresa regular´.
O promotor afirmou que o endereço da sede é fachada, ´funciona um bar no local (Maracanaú)´, e as pesquisas divulgadas pelo Icop foram opostas a real situação. Foi o caso de Caucaia, onde o candidato à Prefeitura, Washington Gois (PRB), apareceu com uma desvantagem de 23% em relação à prefeita Inês Arruda (PMDB), que perdeu a eleição. O procedimento aberto em Mauriti contra o Instituto, segundo Emmanuel Girão, ´vai redundar em denúncia criminal contra o proprietário desse Instituto. Inclusive, o dono foi candidato a prefeito no município de Guaiúba, o nome dele é José Gerardo Rodrigues´.
Providências
Apesar de saber que o Icop atuou em vários municípios além de Mauriti, e que outros Institutos como ele também divulgaram pesquisas de cunho duvidoso, Emmanuel Girão afirmou que somente nas cidades onde foram movidas ações contra essas pesquisas o Ministério Público poderá tomar as devidas providências.
´É por isso que seria interessante se a Assembléia realmente abrisse uma CPI, porque fazendo a CPI, temos condições de fazer um levantamento de todo o Estado´, enfatizou, acrescentando: ´a pesquisa tem que ser feita por uma empresa isenta´.
O promotor citou como exemplo o fato ocorrido em Acopiara (345km de Fortaleza), onde a equipe de marketing de um dos candidatos a prefeito realizou uma pesquisa, esta foi registrada e publicada na cidade. Emmanuel Girão contou que, antes da pesquisa ser divulgada, a promotora de Justiça no local fez pedido de busca e apreensão do questionário utilizado pela equipe de marketing.
O motivo, além da irregularidade do levantamento, foi o fato de o questionário apresentar perguntas relativas a um determinado benefício público considerado de grande importância para parte dos eleitores. Estes, ficaram com medo de perder tal benefício e sentiram-se coagidos.
Nos próximos dias o Ministério Público estadual vai fazer uma reunião de avaliação do seu trabalho nas eleições e dela tirarar um documento.