Deputados denunciaram que agentes do programa Saúde da Família (PSF) teriam sido usados, em municípios do Interior, como cabos eleitorais. Após as eleições, o programa estaria sendo sucateado.

Financiado pelo Governo Federal, o programa Saúde da Família (PSF) teria sido utilizado para favorecer candidatos nas eleições e, passada a campanha, estaria sendo alvo de desmonte no Interior do Ceará. As acusações partiram, ontem, de alguns deputados estaduais, que defenderam maior combate ao problema e reconheceram a negligência com o PSF por parte de prefeitos derrotados nas últimas eleições. Com exceção do deputado Vasques Landim (PSDB) – que afirmou estarem acontecendo tais práticas em Juazeiro do Norte – ninguém quis citar culpados.

Primeiro, o vice-líder do Governo, Roberto Cláudio (PHS), criticou a condução do PSF por prefeitos de municípios do Interior após as eleições. Sem citar municípios nos quais o problema estaria ocorrendo, ele afirmou que, em alguns locais, os prefeitos derrotados estariam sucateando o programa.

Segundo Roberto Cláudio, estariam havendo interrupção de entrega de remédios, fechamento de unidades de saúde e demissão de profissionais. Ele garantiu que irá levar o caso dos municípios onde os problemas são maiores ao conhecimento do Ministério Público e do Ministério da Saúde. “O programa deve ser interrompido onde não estiver funcionando”, argumentou.

Depois, Vasques Landim afirmou que queria, “sim”, citar o município de Juazeiro do Norte, a 563 quilômetros de Fortaleza, onde Landim tem reduto eleitoral. O atual prefeito, Raimundo Macedo, está rompido com o PSDB e já anunciou a desfiliação do partido.

Macedo apoiou o médico sanitarista Manoel Santana (PT), depois de perder a disputa interna para o deputado federal Manoel Salviano (PSDB), na tentativa de buscar a reeleição. “Ali (Juazeiro do Norte), a saúde é precária e é necessária uma fiscalização maior”, criticou. Ele acrescentou que a falta de atendimento médico já provocou mortes.

Defendendo os tucanos como criadores do PSF, o deputado Fernando Hugo, por sua vez, acusou gestores de terem utilizado agentes comunitários como cabos eleitorais no pleito municipal. “Utilizaram o programa para angariar votos”, denunciou.

Outro tucano, Luiz Pontes, sugeriu que se criasse uma comissão na Assembléia com o objetivo de fiscalizar a transição dos governos. Antes, fez questão de criticar o sucateamento do PSF, por parte de prefeitos derrotados. Roberto Cláudio respondeu que encaminhará a proposta ao presidente da Casa, Domingos Filho (PMDB).

O POVO tentou contato com o prefeito de Juazeiro do Norte, Raimundo Macedo, durante a tarde de ontem, pelo celular e pelo telefone da Prefeitura. Nenhuma ligação foi atendida.


EMAIS

– Conforme está explicado no site do Ministério da Saúde, cabe ao Departamento de Atenção Básica (DAB) – estrutura vinculada à Secretaria de Atenção à Saúde, no Ministério da Saúde – operacionalizar PSF no âmbito federal do Sistema Único de Saúde (SUS). A execução é compartilhada por estados e municípios.

Giselle Dutra
da Redação/O Povo