Sócio majoritário da empresa Compescal, Expedito Ferreira teria formado uma quadrilha com mais nove acusados.

O Ministério Público Federal (MPF) denunciou o empresário Expedito Ferreira da Costa, prefeito de Aracati, no litoral Leste do Ceará, e mais nove pessoas, pela prática de crimes contra o sistema financeiro nacional, quadrilha, sonegação fiscal e lavagem de bens. Os acusados ainda apresentarão defesa. Se a denúncia for recebida, eles passarão a ser réus e responderão a ação penal.

Expedito Costa, sócio majoritário da Comercial de Pescados Aracatinense (Compescal), estaria realizando exportação subfaturada de lagosta e camarão.

Segundo o MPF, para abastecer um esquema de sonegação fiscal e formação de caixa dois, a empresa emitia duas faturas com a mesma numeração e quantidade de produtos, sendo uma entregue ao importador, com o valor real da venda, e outra u sada oficialmente na contabilidade, com valor menor.

O montante oficial era transferido para uma conta corrente da Compescal no Brasil. O importador era orientado a depositar a diferença em contas de terceiros abertas no exterior.

Com o auxílio de um dos denunciados, que mantinha uma empresa de câmbio irregular, o dinheiro não declarado retornava ao Brasil e ia parar nas contas de dois empregados da Compescal. Com esse "caixa dois" eram feitos pagamentos de salários "por fora", a modernização de frigoríficos e a abertura de empresas em nome de laranjas, segundo a denúncia.

De acordo com o Ministério Público Federal, "Expedito Costa formou uma organização criminosa (quadrilha) altamente sofisticada, de tal sorte que um grupo cuidava dos atos que geravam a sonegação, um segundo grupo entrava em cena no momento em que era preciso ocultar no exterior a origem e a propriedade dos recursos derivados daquele primeiro crime, para, depois, encontrar meios para internal izar os valores no Brasil, onde se procedia a uma segunda ocultação até que ocorria sua utilização para pagamentos fora da contabilidade normal da empresa Compescal".

Como tem foro privilegiado por ser prefeito, a denúncia foi oferecida ao Tribunal Regional Federal da 5.ª Região (TRF-5), no Recife (PE), e não à primeira instância da Justiça Federal, no estado do Ceará.

Os demais acusados são Carlos Alberto Facó, Edmilson Ferreira da Costa, Fernando Antônio Fontelles de Moraes, Francisco Fábio Parente Moreira, Luiz Alberto Facó, Marcelo Eduardo Nogueira Vieira, Paulo de Tarso Theophilo Gonçalves Neto, Rodolfo Guimarães de Moraes Júnior e Vicente de Paulo Barros Gomes.