Muitos inquéritos lotam as estantes da delegacia especializada em crimes contra a administração pública.

Morosidade

De acordo com Erivaldo, outro fator que tem causado demora no trabalho de investigação dos crimes de desvio de recursos públicos é a morosidade Judicial. "Tem procedimento encaminhado à Justiça que demora anos para retornar à delegacia. Já teve um inquérito aqui que demorou dois anos lá pra Justiça definir de quem era a competência para investigar", disse.

Dos 297 inquéritos que hoje estão tramitando na Delegacia, apenas 22 foram instauradas este ano. Os outros 275 são procedimentos que já foram encaminhados à Justiça e agora retornaram para novas diligências. Alguns deles datam de 2000.

Essas novas diligências tanto podem ser requeridas pelo promotor titular da ação, quanto pelo juiz para atender a defesa do réu ou réus, ou dirimir dúvidas que porventura o magistrado tenha.

Equipes

Segundo Erivaldo Lima, para que a delegacia cumprisse o papel de investigar os crimes de malversação com a devida competência, seria necessário a contratação de, no mínimo, mais dois delegados, cinco escrivães e sete inspetores. "Assim, seriam cinco equipes (cada uma com um delegado, um escrivão e sete inspetores) para viajar ao interior e investigar os crimes. Hoje, a gente atende todo o Estado, mas com precariedade e demora", colocou.

No ano passado, a Delegacia de Crimes Contra a Administração e Finanças Públicas encaminhou um ofício à Administração Geral da Polícia Civil e à Procuradoria de Crimes Contra a Administração Pública (Procap), órgão ligado à Procuradoria da Justiça, explanando o problema. O Ministério Público, inclusive, encaminhou uma solicitação de melhoria de estrutura de funcionários à Polícia Civil, mas nada foi resolvido.

"Os inquérit os daqui são complexos e envolvem vários crimes. A gente tem que investigar o governador, os deputados, os prefeitos, os vereadores, os secretários de governo e ainda os servidores públicos. A falta de efetivo policial tem prejudicado muito esse trabalho", disse a chefe de cartório Ana Paula.

Como a delegacia tem apenas dois inspetores, praticamente não há investigação efetiva nos municípios do Interior, ficando esses profissionais mais encarregados de entregar solicitações do que propriamente de averiguar as denúncias.

Provocação

O órgão tem a prerrogativa de investigar crimes referentes à licitação e malversação de gestores públicos, além de casos de prevaricação e peculato. Com a precariedade de servidores, a atuação da delegacia acontece mais por provocação externa.

A maioria da demanda de trabalho da delegacia encarregada de conferir crimes contra as finanças públicas é oriunda de denúncias civis, de solicitações do Tribunal de Contas dos Municíp io e do Ministério Público decorrentes de denúncias das promotorias do interior.

Após a conclusão dos inquéritos, a delegacia encaminha um relatório à Justiça. É de lá que sai para o Ministério Público ou reenviados à Polícia para novas diligências. "A nossa alçada é investigar o crime e não remete a nenhum tipo de sanção cível. Quando os casos chegam aqui, já existe algum tipo de irregularidade constatada", esclareceu Ana Paula.