A Estrutura familiar enfraquecida é apontada como principal causa para que crianças façam das ruas o seu novo lar e das esmolas o seu meio de sobrevivência.

A Estrutura familiar enfraquecida é apontada como principal causa para que crianças façam das ruas o seu novo lar e das esmolas o seu meio de sobrevivência. Muitas também são obrigadas pelos pais a pedir.A campanha busca conscientizar população e dar dignidade a crianças e adolescentes. O afastamento da escola, a moradia nas ruas e as drogas são consequências trazidas pela mendicância

Crianças de pés descalços, com a roupa e o rosto sujos nas calçadas de Fortaleza, estendendo as mãos, cartazes mal escritos ou, até mesmo, fazendo malabarismo em busca de um trocado qualquer. Sensibilizadas pela fragilidade infantil, não raro, pessoas tiram do bolso moedas na esperança de estarem fazendo algo de bom para esses meninos e meninas. Um quadro desolador cada vez mais comum nas ruas da capital cearense. 

O que muitos não se dão conta é que o simples gesto reforça a situação de exclusão e vulnerabilidade em que essas crianças se encontram. Longe da escola e de um ambiente familiar adequado, elas ficam expostas à violência, ao abuso e às drogas. Dar esmolas significa contribuir para a permanência do problema. É o que afirma Ivanira Melo, conselheira tutelar em Fortaleza. Segundo ela, a esmola incentiva esses jovens a não querer estudar e, mais na frente, a não trabalhar, além de mantê-los mais tempo nas ruas.

Causas

A conselheira aponta ainda uma estrutura familiar enfraquecida como a principal causa para que crianças façam das ruas o seu novo lar e das esmolas o seu meio de sobrevivência. Muitas entram também na mendicância através da obrigação imposta pelos pais de contribuir com o orçamento familiar. "É muito comum os responsáveis pelas crianças as colocarem para trazer o sustento para dentro de casa. Abuso, maus tratos e abandono na família fazem com que elas prefiram fugir", afirma.

Assim aconteceu com Felipe (nome fictício), de 12 anos. Aos nove, o garoto escolheu viver nas ruas para fugir dos maus tratos do pai. "Aqui eu não tenho que apanhar todo dia", conta. Hoje Felipe é viciado em crack e vive de pedir esmola para alimentar o corpo e o vício. "Eu peço toda hora. Para ter o que comer e para a marica (crack)". Pedir esmolas passa a ser porta de entrada para a moradia na rua e para a dependência de substâncias químicas.

Uma pesquisa realizada pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, em parceria com o Instituto de Desenvolvimento Sustentável, de maio a junho de 2010, revela que das 23.973 crianças e adolescentes em situação de rua no Brasil, cerca de 30% pedem esmola para conseguir alimento ou dinheiro nas ruas.

Segundo Manoel Torquato, secretário geral da ONG Pequeno Nazareno e coordenador da Equipe Interinstitucional de Abordagem de Rua, o crack é o principal obstáculo para o resgate das crianças que se encontram nessa situação.

Leia mais…