Procuradoria Federal é acionada para investigar critérios de escolha do Hospital Regional do Sertão Central
Embora a população de Quixeramobim já tenha cantado e até comemorado a vitória pela conquista do Hospital Regional do Sertão Central, Quixadá ainda não deu a disputa como vencida. Uma comitiva de empresários e trabalhadores acaba de ingressar com solicitação junto ao Ministério Público Federal (MPF) solicitando a investigação dos critérios adotados para a escolha. Caso o representante do MPF constate Quixadá como melhor opção técnica, a Justiça Federal poderá requerer a transferência do local para construção do hospital.
A divulgação foi feita pelo presidente da Federação das Associações Comunitárias das Zonas Rural e Urbana de Quixadá, Francisco Antônio Lopes dos Santos. Ele e representantes de entidades classistas, dentre eles os presidentes da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Joaquim Capistrano Júnior, da Associação dos Mercadinhos de Quixadá (Ameq), Aderson de Souza, do Sindicato dos Empregados do Comércio de Quixadá, César de Castro, e do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Quixadá (STTRQ), Eronilton Buriti, formaram uma comitiva e foram à Limoeiro, onde funciona a Procuradoria Regional Federal.
Na reunião com o procurador da República, Luiz Carlos Oliveira Júnior, afirmaram discordar do modelo de votação proposto pelo governador Cid Gomes, pelo qual Quixeramobim foi escolhido. Justificaram não entender porque Aiuaba, Arneiroz, Parambu e Tauá passaram a integrar a macrorregião do Sertão Central. Ficam mais próximos de Juazeiro. Por outro lado Morada Nova, Limoeiro, Tabuleiro do Norte, São João do Jaguaribe, Jaguaretama, Nova Jaguaribara, Itapiúna, Capistrano de Abreu e até Ocara, mais próximos de Quixadá, não foram incluídos na nova jurisdição de saúde pública do Estado.
Segundo eles, o Município possui a melhor infraestrutura da região para receber o empreendimento hospitalar. A referência é feita ao Hemoce, ao Centro de Tratamento de Doenças Renais, Centros de formação em saúde e a Policlínica, em fase avançada de construção. O curso de Medicina está prestes a ser implantado. A cidade ainda possui um aeroporto. Todavia, estranhamente, o Governo considerou todos os concorrentes (Boa Viagem, Canindé, Quixadá e Quixeramobim) aptos.
O prefeito de Quixadá, Rômulo Carneiro, também foi contrário ao critério de escolha por votação, mas só após Quixeramobim ganhar a disputa, reclamou o grupo. Todavia, o gestor executivo disse ter feito as mesmas justificativas ao governador Cid Gomes. O documento, apontando a necessidade de priorizar as melhores condições técnicas, foi protocolado junto ao Gabinete do Governo muito antes da decisão.
Outro aspecto levado pelo grupo ao conhecimento do procurador federal foi uma definição do Conselho Estadual de Saúde ap ontando Quixadá a receber o Hospital Regional. O parecer data de 2001. O Ministério da Saúde havia feito o mesmo indicativo. Em razão de 20% dos recursos para construção do novo hospital serem oriundos dos cofres federais e ainda a manutenção mensal contar com verbas da União, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), resolveram recorrer ao MPF. Foram atendidos. O procurador vai oficiar os órgãos Federal, Estadual e Municipal para apresentarem informações acerca dos critérios técnicos utilizados na escolha do local onde será instalado o Hospital Regional.
Caso os laudos e estudos técnicos do Plano Diretor Integrado (PDI) e do Plano Diretor Estadual (PDE), elaborados no início da década passada, confirmarem os argumentos apresentados pelo grupo o hospital regional do Sertão Central poderá ser transferido para Quixadá, informou Eronilton Buriti, referindo-se aos esclarecimentos prestados pelo procurador. Até o encerramento desta edição, a reportagem não havia conseguido manter contato com o procurador federal. O Gabinete do Governo do Estado não atendeu as ligações.